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Orçamento de Obama pode ter corte de US$ 100 bi
Deputados rejeitam novos financiamentos para programa de resgate do setor financeiro
Câmara também prevê
déficit acima do esperado
pelo governo; Senado pode
adiar votação de projeto que
taxa bônus de executivos
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Apesar da forte pressão da
Casa Branca, a Câmara dos Representantes dos EUA revelou
ontem uma proposta de Orçamento para 2010 que corta US$
100 bilhões (o equivalente ao
PIB do Peru) do plano original
do presidente Barack Obama,
chegando a um total de aproximadamente US$ 3,45 trilhões.
Os deputados também projetam um déficit de 3,5% do PIB
para o fim do mandato de Obama, acima dos 3% que o presidente espera.
Boa parte da diferença entre
as propostas de Obama e dos
deputados vem de uma decisão
de líderes da Câmara de rejeitar
novos financiamentos para o
programa do Tesouro de resgate do setor financeiro (Tarp), o
que pode alimentar uma batalha interna em Washington.
Na campanha pelo plano,
Obama se reuniu ontem a portas fechadas com líderes democratas no Congresso. O esforço
está concentrado na conquista
dos moderados, que defendem
cortes ainda mais profundos do
que os que já foram feitos, especialmente no Senado.
Propostas em ambas as Casas
mantêm de uma forma ou de
outra os quatro focos fundamentais de Obama para o Orçamento -educação, energia limpa, saúde e corte do déficit pela
metade até 2013- e aceitam tacitamente a ideia de um governo inchado.
Mas os planos atacam algumas das principais ideias do
presidente. Por enquanto, estão de fora o corte de impostos
para a classe média (aprovado
só até 2010 na lei de estímulo
econômico de US$ 787 bilhões). Não está claro como ficaria o financiamento a longo
prazo para uma ampla reforma
do sistema de saúde nem se seria criado um sistema federal
de comércio de emissões de poluentes - para lidar com o aquecimento global. E o projeto de
Obama de fixar em US$ 250 mil
anuais por fazendeiro o teto para subsídios na agricultura está
sob forte oposição.
O governo tentou minimizar
discordâncias ontem. "Não
apenas [as propostas no Congresso] englobam os princípios-chave do presidente para
o Orçamento mas também são
98% iguais ao plano que ele
apresentou em fevereiro", disse Peter Orszag, diretor do Departamento de Orçamento e
Gestão da Casa Branca. "Os planos podem não ser gêmeos,
mas são irmãos parecidos."
Ainda ontem, o Senado discutia adiar a votação do projeto
que taxa os bônus de executivos
de bancos ou empresas resgatadas com verba pública. O esfriamento da tensão chega após
Obama rejeitar como inconstitucional a medida aprovada na
Câmara para taxar 90% dos bônus em casos semelhantes ao
da megasseguradora AIG, que
distribuiu US$ 165 milhões a
executivos depois de receber
US$ 180 bilhões do governo.
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