São Paulo, quinta-feira, 26 de março de 2009

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Orçamento de Obama pode ter corte de US$ 100 bi

Deputados rejeitam novos financiamentos para programa de resgate do setor financeiro

Câmara também prevê déficit acima do esperado pelo governo; Senado pode adiar votação de projeto que taxa bônus de executivos

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Apesar da forte pressão da Casa Branca, a Câmara dos Representantes dos EUA revelou ontem uma proposta de Orçamento para 2010 que corta US$ 100 bilhões (o equivalente ao PIB do Peru) do plano original do presidente Barack Obama, chegando a um total de aproximadamente US$ 3,45 trilhões. Os deputados também projetam um déficit de 3,5% do PIB para o fim do mandato de Obama, acima dos 3% que o presidente espera.
Boa parte da diferença entre as propostas de Obama e dos deputados vem de uma decisão de líderes da Câmara de rejeitar novos financiamentos para o programa do Tesouro de resgate do setor financeiro (Tarp), o que pode alimentar uma batalha interna em Washington.
Na campanha pelo plano, Obama se reuniu ontem a portas fechadas com líderes democratas no Congresso. O esforço está concentrado na conquista dos moderados, que defendem cortes ainda mais profundos do que os que já foram feitos, especialmente no Senado.
Propostas em ambas as Casas mantêm de uma forma ou de outra os quatro focos fundamentais de Obama para o Orçamento -educação, energia limpa, saúde e corte do déficit pela metade até 2013- e aceitam tacitamente a ideia de um governo inchado.
Mas os planos atacam algumas das principais ideias do presidente. Por enquanto, estão de fora o corte de impostos para a classe média (aprovado só até 2010 na lei de estímulo econômico de US$ 787 bilhões). Não está claro como ficaria o financiamento a longo prazo para uma ampla reforma do sistema de saúde nem se seria criado um sistema federal de comércio de emissões de poluentes - para lidar com o aquecimento global. E o projeto de Obama de fixar em US$ 250 mil anuais por fazendeiro o teto para subsídios na agricultura está sob forte oposição.
O governo tentou minimizar discordâncias ontem. "Não apenas [as propostas no Congresso] englobam os princípios-chave do presidente para o Orçamento mas também são 98% iguais ao plano que ele apresentou em fevereiro", disse Peter Orszag, diretor do Departamento de Orçamento e Gestão da Casa Branca. "Os planos podem não ser gêmeos, mas são irmãos parecidos."
Ainda ontem, o Senado discutia adiar a votação do projeto que taxa os bônus de executivos de bancos ou empresas resgatadas com verba pública. O esfriamento da tensão chega após Obama rejeitar como inconstitucional a medida aprovada na Câmara para taxar 90% dos bônus em casos semelhantes ao da megasseguradora AIG, que distribuiu US$ 165 milhões a executivos depois de receber US$ 180 bilhões do governo.



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