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UE anuncia socorro à Grécia e inclui FMI
Acordo prevê empréstimos do Banco Central Europeu, dos demais países do bloco e, "em uma emergência", do Fundo Monetário
Bloco não deixou claro quando plano entrará em ação; socorro dependerá de implementação de ajuste fiscal por parte de Atenas
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
A União Europeia anunciou
ontem um acordo sobre como
tirar a Grécia do buraco, colocando um ponto final -ou pelo
menos reticências- em um
drama financeiro que convulsionou o euro e os mercados de
títulos de dívida nos últimos
três meses e colocou em xeque
a viabilidade da União Europeia como união monetária.
O presidente do Conselho
Europeu, Herman van Rompuy, descreveu um o mecanismo de resgate com três componentes simultâneos: linhas de
crédito do Banco Central Europeu, empréstimos bilaterais
pontuais dos demais países da
zona do euro "em uma emergência" e crédito do Fundo Monetário Internacional -um porém que desagradou a parte do
bloco e sobretudo ao BCE.
Mas, insistiu Van Rompuy, a
palavra final caberá à Comissão
Europeia (órgão executivo do
bloco) e à autoridade monetária, que também deve ajudar a
refinanciar o país comprando
seus títulos da dívida.
Por sua vez o presidente da
Comissão, José Manuel Durão
Barroso, insistiu em que se trata de ação "extraordinária" para proteger o euro e defendeu
que o Conselho Econômico da
UE aumente a vigilância sobre
os membros. Evocando o aniversário da fundação da UE e
também a data nacional grega,
ambos celebrados ontem, alfinetou: "O problema do bloco é
o excesso de nacionalismo".
A solução está condicionada
ao cumprimento do rígido arrocho fiscal anunciado por Atenas, que prevê reduzir o deficit
orçamentário do país de 12,7%
do PIB em quatro pontos neste
ano e em dez pontos até 2013.
"Este é um anúncio de apoio
político extremamente claro",
afirmou o belga, numa aparente tentativa de tentar acalmar
os mercados, que nesta semana
levaram o euro a registrar recordes de baixa contra o dólar.
Ao longo da negociação do plano, a ideia de acorrer ao organismo sempre foi rechaçada
como um atestado de inépcia
do bloco com suas contas.
Mas Angela Merkel, a chanceler alemã, teve problemas para explicar a seus eleitores e à
sua coalizão por que Berlim teria de pagar sozinha parte substancial da conta de Atenas.
Isso mesmo que a dívida de
113% do PIB acumulada pelos
gregos em 2009 se deva ao desvario orçamentário do governo
conservador encerrado em outubro, que só veio à tona após
seu término, mas também em
alguma medida à perda de competitividade do país ante seus
pares mais ricos no bloco.
Apesar da inclusão do FMI
-criticada pelo presidente do
BCE, Jean-Claude Trichet-, a
maior parte dos fundos deve vir
dos demais países da zona do
euro, embora a divisão não esteja clara. O próprio governo
grego havia declarado preferir
"uma saída europeia".
O problema é que o Tratado
de Maastricht, que pariu o euro, veta um pacote de resgate
nos moldes tradicionais. Ainda
assim, a União Europeia se viu
obrigada a buscar uma alternativa que sustentasse Atenas para evitar um efeito dominó
(Portugal, Itália e Espanha estão na mira) que culminasse no
colapso da moeda comum.
Segundo a Comissão Europeia, o arsenal de medidas será
detonado na iminência de Atenas ir à bancarrota, o que não
parece ser o caso ainda. Esse limite para agir, porém, não ficou claro -o acordo diz apenas
que ele será declarado "quando
o financiamento do mercado
for insuficiente e a decisão dos
membros for unânime".
O governo grego tem para rolar entre abril e maio cerca de
US$ 20 bilhões em dívida.
Leia coluna de Clóvis Rossi
sobre a Grécia
www.folha.com.br/100848
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