São Paulo, sexta-feira, 26 de março de 2010

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Proposta do FMI para criar "fundo verde" é derrotada

Meta era levantar até US$ 100 bi por ano para emergentes combaterem efeito estufa

Países-membros rejeitam a ideia de que o FMI tome a dianteira na arrecadação de fundos para o combate ao aquecimento global


FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Representantes dos principais países-membros do FMI (Fundo Monetário Internacional) impuseram uma derrota ao diretor-gerente do Fundo, Dominique Strauss-Kahn, ao rejeitarem a ideia de que o órgão tome a dianteira na arrecadação de fundos para o combate ao aquecimento global.
De uma proposta ambiciosa para levantar até US$ 100 bilhões por ano até 2020 para ajudar principalmente países emergentes a adotar políticas de combate ao efeito estufa, o "Green Fund" (fundo verde) foi apresentado ontem pelos técnicos do Fundo apenas como "proposta para a consideração da comunidade internacional".
No início do ano, Strauss-Kahn defendeu a criação do "Green Fund" no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Ontem, os técnicos do FMI divulgaram um documento detalhando valores e como o fundo poderia multiplicar a arrecadação emitindo títulos a serem vendidos no mercado.
Mas os mesmos autores ressaltaram no documento que não defendiam que o próprio FMI "crie, financie ou gerencie" o "Green Fund". Ao rejeitar o novo papel para o Fundo, muitos dos representantes dos países-membros argumentaram que o órgão não tem experiência nesse tipo de ação.
A ambição inicial de Strauss-Kahn era que os países-membros concordassem que o órgão ficasse à frente da ideia. E que o assunto fosse discutido detalhadamente em novo encontro, no final do ano, no México, sobre o aquecimento global.
Desde a explosão da crise financeira internacional, em setembro de 2008, Strauss-Kahn vem lançando iniciativas práticas e políticas para recolocar o Fundo no centro das decisões financeiras mundiais.
Antes da crise, o Fundo não apenas perdia relevância, mas estava se tornando anacrônico por estar deficitário. Sem muitos países precisando de seus empréstimos, o FMI já não podia contar com o recebimento dos juros desses empréstimos, que normalmente o financia.
Com a explosão da crise, uma série de países em dificuldades voltou a recorrer ao Fundo. Hoje, o FMI administra empréstimos para 58 países, em um total de US$ 174 bilhões. Até agosto de 2008, mês que antecedeu a crise, eram 30 países (a grande maioria pequenos) com empréstimos de apenas US$ 3,5 bilhões.
Ontem, por insistência da Alemanha, líderes da União Europeia trabalhavam em um acordo para que o FMI também tenha papel relevante em um pacote de ajuda à Grécia.
O país, um dos 16 que têm o euro como moeda, precisa levantar cerca de US$ 13 bilhões no mercado nos próximos dois meses para continuar financiando seu deficit fiscal.


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