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Proposta do FMI para criar "fundo verde" é derrotada
Meta era levantar até US$ 100 bi por ano para emergentes combaterem efeito estufa
Países-membros rejeitam
a ideia de que o FMI tome
a dianteira na arrecadação de fundos para o combate ao aquecimento global
FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Representantes dos principais países-membros do FMI
(Fundo Monetário Internacional) impuseram uma derrota
ao diretor-gerente do Fundo,
Dominique Strauss-Kahn, ao
rejeitarem a ideia de que o órgão tome a dianteira na arrecadação de fundos para o combate ao aquecimento global.
De uma proposta ambiciosa
para levantar até US$ 100 bilhões por ano até 2020 para
ajudar principalmente países
emergentes a adotar políticas
de combate ao efeito estufa, o
"Green Fund" (fundo verde) foi
apresentado ontem pelos técnicos do Fundo apenas como
"proposta para a consideração
da comunidade internacional".
No início do ano, Strauss-Kahn defendeu a criação do
"Green Fund" no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na
Suíça. Ontem, os técnicos do
FMI divulgaram um documento detalhando valores e como o
fundo poderia multiplicar a arrecadação emitindo títulos a
serem vendidos no mercado.
Mas os mesmos autores ressaltaram no documento que
não defendiam que o próprio
FMI "crie, financie ou gerencie" o "Green Fund". Ao rejeitar o novo papel para o Fundo,
muitos dos representantes dos
países-membros argumentaram que o órgão não tem experiência nesse tipo de ação.
A ambição inicial de Strauss-Kahn era que os países-membros concordassem que o órgão
ficasse à frente da ideia. E que o
assunto fosse discutido detalhadamente em novo encontro,
no final do ano, no México, sobre o aquecimento global.
Desde a explosão da crise financeira internacional, em setembro de 2008, Strauss-Kahn
vem lançando iniciativas práticas e políticas para recolocar o
Fundo no centro das decisões
financeiras mundiais.
Antes da crise, o Fundo não
apenas perdia relevância, mas
estava se tornando anacrônico
por estar deficitário. Sem muitos países precisando de seus
empréstimos, o FMI já não podia contar com o recebimento
dos juros desses empréstimos,
que normalmente o financia.
Com a explosão da crise, uma
série de países em dificuldades
voltou a recorrer ao Fundo.
Hoje, o FMI administra empréstimos para 58 países, em
um total de US$ 174 bilhões.
Até agosto de 2008, mês que
antecedeu a crise, eram 30 países (a grande maioria pequenos) com empréstimos de apenas US$ 3,5 bilhões.
Ontem, por insistência da
Alemanha, líderes da União
Europeia trabalhavam em um
acordo para que o FMI também
tenha papel relevante em um
pacote de ajuda à Grécia.
O país, um dos 16 que têm o
euro como moeda, precisa levantar cerca de US$ 13 bilhões
no mercado nos próximos dois
meses para continuar financiando seu deficit fiscal.
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