São Paulo, sexta-feira, 26 de março de 2010

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Indústria retarda a melhora do emprego em SP, diz IBGE

Média de desemprego de SP em fevereiro, 8,1%, foi superior à das 6 regiões, de 7,4%

Rio de Janeiro e Porto Alegre tiveram os melhores resultados, 5,6% e 5,1%, em patamar similar ao dos EUA antes da crise global


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Enquanto Porto Alegre e Rio de Janeiro já superaram o baque da turbulência global e registram taxas de desemprego baixas -na casa dos 5%-, a maior e mais industrializada região metropolitana do país patina. Segundo dados do IBGE, em São Paulo a indústria continua a demitir.
Pelos dados da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, a taxa de desemprego em São Paulo ficou em 8,1% em fevereiro, superior à média das seis regiões incluídas no levantamento, de 7,4%. Tal marca é a menor para fevereiro da série da pesquisa, iniciada em 2003.
No Rio e em Porto Alegre, as taxas ficaram em 5,6% e 5,1%, respectivamente, num patamar similar ao registrado nos EUA no pré-crise e considerado baixo por especialistas.
Sozinha, a Grande São Paulo corresponde a 42% da força de trabalho das maiores metrópoles do país e foi responsável por puxar para cima a taxa média de desemprego.
Na região, o emprego cresceu 2,4% na comparação com fevereiro de 2009 graças ao bom desempenho do ramo de serviços. O índice ficou abaixo da média -de 3,5% ante fevereiro do ano passado.
Mas o setor fabril, que paga os melhores salários e é o setor mais formal da economia, registrou queda de 3,9% no contingente de ocupados entre fevereiro de 2009 e o mesmo mês de 2010. Foram fechados 72 mil postos de trabalho na indústria.
Para Cimar Azeredo Pereira, gerente da pesquisa do IBGE, o mercado de trabalho reagiu e está melhor do que há um ano. O emprego, diz, voltou a crescer e a formalização avança.
A crise, porém, afetou mais a indústria, que ainda está numa fase de recomposição dos empregos perdidos, tendência interrompida em fevereiro. "Não é possível dizer que já há uma recuperação completa."
Isso fica claro, segundo Pereira, a partir dos dados de São Paulo -onde o peso da indústria é maior. A região depende tanto do setor que a queda na ocupação industrial puxou a renda média do trabalhador paulista para baixo em fevereiro -queda de 2,6% ante fevereiro de 2009. Na média, o rendimento avançou 0,9% -desempenho que seria melhor não fosse o resultado negativo de São Paulo.
Apesar do desempenho ruim em São Paulo, a indústria reage em outras regiões e, na média, o contingente de empregados do setor cresceu 2,1% ante fevereiro de 2009 -ou 73 mil pessoas. Em todos os ramos, a expansão da ocupação somou 725 mil pessoas -cifra recorde para meses de fevereiro.
Para Thaís Marzola Zara, da Rosenberg e Associados, o mercado de trabalho está em recuperação e o conjunto de dados é positivo, apesar da freada da indústria em São Paulo.
Talvez a melhor notícia da pesquisa, diz, seja a expansão das contratações formais, que levaram a um recorde de participação do emprego com carteira no total de ocupados -46% em fevereiro.
No setor privado, o emprego com registro subiu 6,4% em relação a fevereiro de 2009 -melhor resultado para fevereiro da série histórica. Foram abertas 598 mil vagas.


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