São Paulo, sexta-feira, 26 de março de 2010

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Dólar vai a R$ 1,81 e Bolsa de SP recua 0,7%

Juros futuros avançam após divulgação da ata do Copom

EPAMINONDAS NETO
DA FOLHA ONLINE

O dólar atingiu sua maior cotação no mercado brasileiro em um mês, enquanto as ações brasileiras voltaram a se desvalorizar, num dia marcado pela apreensão do mercado mundial sobre a situação da economia europeia e seu "elo mais frágil", a Grécia.
O país mediterrâneo enfrenta uma severa crise financeira, que pode afetar a estabilidade da região. A expectativa de que o restante dos países da zona do euro se mobilize para resgatar o colega grego perturba os mercados há várias semanas.
Ontem, os investidores reagiram de maneira cautelosa às notícias de que líderes europeus finalmente haviam batido o martelo em torno de um programa de auxílio financeiro.
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) finalizou o dia com perdas de 0,68%. O baixo volume (pouco mais de R$ 5 bilhões) mostrou a falta de disposição dos investidores para tomar risco. As Bolsas de Valores americanas encerraram em terreno misto: enquanto o índice Dow Jones subiu 0,05%, o mais abrangente S&P 500 teve queda de 0,17%.
A taxa de câmbio atingiu R$ 1,812 (alta de 0,55%), o seu valor máximo no dia. O cenário externo adverso foi citado como um dos motivos para a alta, mas uma parcela dos operadores também apontou a ação das tesourarias dos bancos já se antecipando ao final de mês, que costuma ser um período de maior volatilidade.
"É claro que o cenário externo acaba contribuindo [para mexer com as cotações], como a gente viu ontem, no caso da redução do "rating" de Portugal. Mas não podemos esquecer que internamente muito do que ocorreu nos últimos dias teve influência da ação dos bancos", avalia Carlos Alberto Postigo, do Banco Paulista.
Profissionais do setor financeiro elogiaram a simplificação das normas para o câmbio, anunciada anteontem pelo Banco Central. A opinião corrente, no entanto, era que a influência na formação dos preços da moeda americana seria pouco expressiva.
O que chamou mais a atenção ontem foi a ata do Copom (o colegiado de diretores do Banco Central), que trouxe os motivos para a manutenção da taxa básica em 8,75% ao ano. Além disso, o comitê foi explícito ao dizer que é "consenso" na instituição que as taxas de juros vão subir -e provavelmente em abril.
No mercado futuro, as taxas projetadas subiram. No contrato de outubro, o juro previsto avançou de 9,82% para 9,86%; no contrato de janeiro de 2011, as projeções passaram de 10,33% para 10,38%.
"Diante das expectativas de que os sinais da demanda agregada continuem fortes e que os dados da inflação continuem pressionados, não descartamos a possibilidade de um início de ciclo [de alta dos juros] com 0,75 [ponto percentual]", avalia Arthur Carvalho, economista-chefe da Ativa Corretora.


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