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RECEITA ORTODOXA
Despesas aumentaram R$ 11,3 bi no período em comparação a 2005; dispêndio com pessoal e máquina cresce R$ 6,9 bi
Gastos do governo sobem 14,5% no 1º tri
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os gastos do governo federal
cresceram 14,5% nos três primeiros meses de 2006, ano eleitoral,
segundo dados divulgados ontem
pelo Tesouro Nacional. Embora
ainda não seja oficial, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva deverá
ser candidato à reeleição. O aumento nas despesas poderá ajudar no seu desempenho eleitoral.
Em números, as despesas da
União, da Previdência Social e do
Banco Central aumentaram R$
11,3 bilhões no trimestre e chegaram a R$ 88,879 bilhões no final
de março -contra R$ 77,621 bilhões no mesmo período do ano
passado. Esse desempenho foi influenciado pelos gastos com pessoal e manutenção da máquina
pública, que cresceram no período R$ 6,9 bilhões.
O crescimento dos gastos classificados como outras despesas
com custeio e capital, que inclui
os programas sociais como Bolsa-Família e manutenção dos ministérios, foi de R$ 2,1 bilhões no primeiro trimestre deste ano, aumento de 13,8% sobre o mesmo
período do ano passado.
Os gastos com pessoal subiram
R$ 3,3 bilhões, mas, segundo Tarcísio Godoy, secretário-adjunto
do Tesouro, o maior peso ficou
por conta de reajuste e pagamento de pessoal do Legislativo e Judiciário e pagamento de dívidas judiciais. "Isso correspondeu a R$ 2
bilhões", disse, incluindo na conta também R$ 400 milhões para a
criação de novos cargos no Ministério Público da União.
Segundo ele, o Executivo respondeu pelo crescimento de R$
1,3 bilhão. Isso devido ao reajuste
dos militares. Além disso, também aumentaram os gastos com
investimentos. Segundo Godoy,
no primeiro trimestre essas despesas somaram R$ 2,3 bilhões,
contra um total de investimento
no mesmo período do ano passado de R$ 1,3 bilhão.
Aperto menor
No primeiro trimestre deste
ano, a economia realizada somente pelo governo federal (sem as estatais) para pagamento de juros
que incidem sobre a dívida pública -o superávit primário- ficou em R$ 14,6 bilhões, 3,06% do
PIB. No mesmo período de 2005,
esse superávit foi de R$ 17,04 bilhões, 3,89% do PIB. Em números, o governo economizou quase
R$ 3 bilhões a mais em 2005.
Desde o final do ano passado, o
governo tem acelerado os gastos
públicos, o que, somado às despesas crescentes da Previdência Social com o pagamento de benefícios, vem contribuindo para reduzir o esforço fiscal. Por conta
disso, economistas e analistas do
mercado financeiro questionam o
cumprimento da meta de ajuste
fiscal estipulada para todo o setor
público, inclusive Estados e municípios e estatais.
A meta de 2006 está fixada em
4,25% da produção nacional medida pelo PIB (Produto Interno
Bruto). Dessa meta, o governo federal responde pela maior parte
do esforço, 2,45% do PIB. Incluindo as estatais federais, como a Petrobras, essa participação sobe
para 3,15% do PIB.
A Fazenda já trabalha até com a
possibilidade de o governo federal realizar um esforço maior:
3,35% do PIB. Segundo Godoy, isso serviria para compensar maiores gastos de Estados e municípios, e não os da própria União.
"Essa é uma forma preventiva
de o governo federal se antecipar
a gastos adicionais de Estados e
municípios, normais num ano de
eleição", afirmou o secretário. "O
compromisso é cumprir os 4,25%
do PIB fixados para todo setor público, e a meta será atingida."
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