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BRAÇO-DE-FERRO
Siderúrgica, que já consumiu US$ 60 mi, deve ser instalada agora no Brasil ou no Paraguai, diz empresário
Eike desiste de usina na Bolívia e deve perder US$ 20 mi
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O empresário Eike Batista oficializou ontem a saída de sua empresa, a EBX, da Bolívia. A desistência do projeto de instalação de
uma usina siderúrgica na fronteira com o Brasil acarretará um prejuízo de, ao menos, US$ 20 milhões à EBX, segundo Batista.
Instalada na Bolívia durante o
governo que precedeu o do nacionalista Evo Morales, a siderúrgica
da EBX já consumiu investimentos de US$ 60 milhões em dois dos
quatro alto-fornos previstos.
Inviabilizada a permanência na
Bolívia, a EBX negocia a instalação da usina no Brasil (Amapá ou
Mato Grosso) ou no Paraguai.
Eike se diz perseguido pelo governo boliviano em razão de se associar à família Monasterio, adversária política "número um" do
presidente Evo Morales.
Pela Constituição boliviana,
empresas estrangeiras não podem se instalar numa faixa de até
50 km da fronteira. Para driblar
tal restrição, os empresários usam
como prática contrato de parceria
com empresários locais, arrendando áreas. Foi o que Batista fez
com a família Monasterio.
Dado o tratamento dispensado
pelo governo de Morales, a EBX
cancelou também o projeto de
construção de uma usina termelétrica na Bolívia e outra no lado
brasileiro da fronteira, que demandariam investimentos de
US$ 120 milhões. Nesse caso, o
grupo perderá US$ 6 milhões, investidos num gasoduto.
Não é possível, afirma Batista,
confiar no fornecimento de gás
com o atual cenário político-institucional da Bolívia.
O empresário brasileiro reclama ainda da falta de diálogo e do
tratamento dispensado a ele por
integrantes do primeiro escalão
do governo da Bolívia. "Fui tratado como um ladrão! Nunca fui recebido assim em lugar nenhum.
Eles foram de uma grosseria, de
uma agressividade", disse Batista,
ao relatar uma reunião que teve
cinco ministros da Bolívia.
Eike Batista afirmou que, ao final da reunião, chegou a pensar
que seria preso por causa da reação negativa dos ministros. "O
que está acontecendo é algo surrealista. Um sonho mau", disse.
Anteontem, o presidente Evo
Morales declarou, em entrevista
ao programa "Roda Viva", da TV
Cultura, que a EBX não poderia se
manter no país por descumprir a
lei. Afirmou ainda que a Bolívia
não quer "usurpadores" e empresários como aqueles que exploraram os recursos naturais do país
por "500 anos".
A usina é localizada na cidade
boliviana de Porto Quijaro e seu
projeto previa a instalação de
quatro alto-fornos para a produção de ferro-gusa (matéria-prima
do aço) que estariam operando
até o final do ano.
Numa segunda fase, seriam investidos mais US$ 180 milhões
para a construção de uma aciaria,
iniciando a produção de aço. "O
que colocaria a Bolívia no cenário
mundial de aço", disse Batista.
Na fase montagem da usina, estão trabalhando na Bolívia 900
pessoas em Porto Quijaro. "Mas
já estamos desmobilizando."
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