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Varig terá indenização superior a R$ 3 bi, diz STJ
Ação é sobre tarifas congeladas; União deve recorrer
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O STJ (Superior Tribunal de
Justiça) rejeitou os recursos
apresentados pela União e pelo
Ministério Público Federal e
manteve decisão a favor da Varig, que pleiteia indenização do
governo superior a R$ 3 bilhões
referente à defasagem tarifária
na década de 1980. A Primeira
Seção do STJ rejeitou o recurso
por sete votos a um.
A União ainda pode recorrer
ao STF (Supremo Tribunal Federal). Segundo Arnoldo Wald,
advogado da Varig, o pedido de
indenização já se arrasta na
Justiça há dez anos. Durante o
governo Sarney, as companhias
foram obrigadas a manter os
preços congelados em um cenário de alta dos insumos, o que
ocasionou perdas. "Como se
trata de uma concessão, as empresas foram obrigadas a voar
mesmo com prejuízo. A decisão
foi um passo importante no entendimento com o governo."
Na prática, ainda não se sabe
quanto a Varig pode vir a receber. Em 1992, o valor foi orçado
em R$ 3 bilhões. A empresa trabalha com a estimativa de até
R$ 4 bilhões, mas a soma é vista
como conservadora. Os cálculos oficiais ainda dependem do
índice a ser aplicado.
O gestor judicial da Varig,
Miguel Dau, destacou que a
ação é um dos pilares do plano
de recuperação da companhia.
"Confio na sensibilidade do
governo, que, diante desse resultado, poderia encontrar soluções que acomodassem as necessidades dos envolvidos no
plano de recuperação, especialmente os aposentados", afirmou Dau.
Segundo a presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziela Baggio, a decisão
trouxe novo alento para os aposentados. "Queremos sensibilizar a União para evitar que essa
disputa se arraste ainda mais e
para trazer um pouco de paz
para os aposentados", disse.
Os recursos da indenização
não passam pelos cofres da nova Varig. Eles são de direito da
Varig remanescente, empresa
que pretende voltar a voar ainda em setembro. Na prática, no
entanto, eles deverão ser destinados, em sua maioria, para o
Aerus, fundo de pensão dos
funcionários da aérea.
Com a demora para a solução
do processo e o aumento da
pressão de fornecedores e credores, a Varig deu essa indenização como garantia. A maioria
dos recursos foi dada em garantia para o pagamento de dívidas
com o Aerus.
O Aerus teve sua intervenção
e liquidação decretadas na metade do ano passado. O fundo só
garante o pagamento de uma
parcela dos benefícios até maio
para os aposentados que fazem
parte do plano 1, que reúne os
funcionários mais antigos. Os
aposentados do plano 2, criado
depois, só têm garantia de pagamento de uma fração dos benefícios até julho.
Justiça empresarial
A Segunda Seção do STJ definiu que a 1ª Vara Empresarial
do Rio é responsável por julgar
ações referentes à falência da
Varig. O Ministério Público do
Estado do Rio havia suscitado
conflito de competência para
julgar uma ação do Sindicato
Nacional dos Aeronautas que
pedia o bloqueio de US$ 75 milhões levantados com a venda
da empresa em leilão em 2006.
A idéia era usar os recursos para pagar dívidas trabalhistas.
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