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Para autor de best-seller, administrador ético é mais importante do que nunca
DA REPORTAGEM LOCAL
O livro "O Monge e o Executivo: Uma História sobre a Essência da Liderança", do americano James Hunter, é uma espécie de Bíblia da gestão de pessoas que virou moda há cerca
de quatro anos.
Narra a história de um executivo que, enfrentando problemas na vida profissional e pessoal, se refugia em um mosteiro
em busca de respostas.
Lá, ele participa de um grupo
com outras pessoas também à
procura de novas inspirações
para atividades em vários campos. Todos são orientados por
um monge que antes havia
atuado por décadas na vida empresarial.
O executivo descobre
que o grande segredo de um
bom líder é se colocar a serviço
dos seus funcionários, colegas,
clientes e acionistas para tentar
contemplar, nos negócios, os
interesses de todos. O livro
enaltece virtudes consideradas
simples, mas nem sempre fáceis de colocar em prática, como saber ouvir.
Embora essa abordagem esteja sendo encarada com ceticismo atualmente, Hunter reafirma que nunca o líder servidor se fez tão necessário.
Leia a seguir trechos da entrevista que o autor, consultor
em recursos humanos, concedeu à Folha, por telefone, do
seu escritório nos EUA.
(DG)
FOLHA - Apesar do recente aprimoramento das práticas de administração de empresas, o mundo está
mergulhado em uma crise econômica gigantesca -e companhias de
muitos segmentos são protagonistas do desastre. O que deu errado?
JAMES HUNTER - Nos EUA, houve
muita falta de liderança, e não
estou falando apenas das companhias, mas do ambiente político igualmente. Houve decisões ruins e a ganância. Essas
pessoas gananciosas decidiram
servir a si mesmas e não à sociedade, eis aí o problema.
FOLHA - Entretanto, o conceito de
líder servidor também está sendo
questionado. Vários executivos tidos como super-heróis falharam. O
senhor não vê a necessidade de mudar a imagem que temos dos dirigentes das empresas?
HUNTER - Vejo exatamente o
oposto. Vejo a ideia do líder servidor ainda mais importante.
No meu país, por exemplo,
existe uma maior demanda por
moral e ética na liderança devido aos abusos cometidos.
FOLHA - Mas somos todos humanos e queremos ganhar bem. Como
conciliar os nossos objetivos pessoais com os da sociedade quando
estamos gerindo uma empresa?
HUNTER - Adotando uma estratégia holística. Pensar apenas
em nós mesmos, tirando vantagens da economia, do ambiente
ou dos empregados, pode até
funcionar no curto prazo, mas
não é sustentável. A longo prazo, algo vai desandar. Se não
cuidarmos bem dos funcionários, eles não estarão comprometidos com a companhia, não
vão entregar bons produtos e
não vão atender bem os clientes. Quando se satisfaz a necessidade da equipe, ela satisfaz a
necessidade da empresa. Liderança significa refletir sobre o
longo prazo: o que é bom para
meus empregados, clientes,
acionistas, executivos?
FOLHA - É animador ouvir tudo isso, só que na realidade as coisas funcionam de modo bem diferente. Algumas empresas estão no mercado
há 20, 30 anos e são um péssimo
exemplo de administração de pessoas. Como convencer os seus líderes de que estão usando a tática errada, mesmo quando ela parece correta, já que dá resultado?
HUNTER - O mundo está mudando muito rápido, estamos
no início de um novo século. As
empresas que não cuidam dos
seus funcionários e dos seus
clientes não serão sustentáveis
no longo prazo. As organizações ótimas vão tirá-las do jogo.
Por exemplo, entre as montadoras, a Toyota, que emprega o
conceito de liderança servidora, é a única que vai bem nos
EUA. As demais estão quebrando. Demora um pouco, claro. O
que podemos fazer é divulgar o
que as empresas excelentes estão tentando fazer.
FOLHA - Como as lideranças empresariais devem agir agora para
motivar as suas equipes e tirar as
companhias das dificuldades que
enfrentam?
HUNTER - Nos EUA, as empresas ótimas reconhecem que,
para sair da crise melhores do
que entraram, devem focar nas
pessoas. É um momento que
pode ser usado para o fortalecimento da corporação. Enquanto isso, as companhias ruins estão pensando em cortar treinamento, benefícios. Cada um faz
a sua escolha, mas é de pessoas
que as grandes empresas são
construídas. Os melhores e
mais brilhantes não vão trabalhar para empresas ruins
-simplesmente vão embora.
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