Marlene Bergamo/Folha Imagem

Sandra Ralston, presidente da consultoria imobiliária americana Jones Lang LaSalle, no topo do edifício WTC, na zona sul de SP

Para o economista Albert Fishlow, da Universidade de Columbia, a turbulência nos últimos dias foi mera especulação de investidores, em razão do excesso de liqüidez nos mercados. Ele diz que o "solavanco" não tem ligação com os fundamentos econômicos, até porque, argumenta, um novo aumento de 0,25 ponto percentual nos juros americanos não mudaria a rota da economia.
Fishlow, de passagem pelo país para conferências e encontros com amigos, como o ex-ministro Pedro Malan, acha que o Brasil sofreu um pouco mais que outros emergentes devido às medidas cogitadas pelo governo de mexer no câmbio para frear a alta do real.
De certa forma, ele acha que a desvalorização foi até positiva, porque pode levar o governo a adiar tais medidas. Diz ainda que elas teriam sido encaradas pelo mercado como uma espécie de subsídio do governo e, sendo assim, poderiam até afetar o superávit primário.
Fishlow considera que há uma distância grande entre 2002, quando houve uma excessiva desvalorização da moeda, e o momento atual. "Não há sentido comparar. Hoje os fundamentos da economia brasileira estão muito mais sólidos, e o país está protegido de um ataque especulativo". Ele cita como garantias as reservas, em torno de US$ 60 bilhões, e o superávit em conta corrente.
Mas, apesar de considerar que 2006 não é 2002, ele diz que o mercado começa a olhar com uma certa cautela um segundo mandato do presidente Lula. Já se sabe, por exemplo, que, além de Palocci, os ministros Luiz Fernando Furlan e Roberto Rodrigues também não deverão permanecer, fora a preocupação quanto a um possível afrouxamento fiscal.

Não há sentido comparar [2006 com 2002]. Hoje os fundamentos da economia brasileira estão muito mais sólidos, e o país, protegido da ameaça de um ataque especulativo