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LUÍS NASSIF
O PSDB e a centro-esquerda
Está na hora de trazer
propostas inovadoras, antes
que o partido se transforme
em um PFL requentado
O PROBLEMA do PSDB não são
as eleições de 2006. É o que
será do partido depois delas.
Aparentemente, os tucanos caíram na armadilha que ajudaram a
montar, de ataques ao governo Lula. Tomou-se a nuvem por Juno.
Houve uma leitura equivocada, de
confundir o antilulismo de parte da
opinião pública com um neoconservadorismo radical, grosseiro,
sem credibilidade que grassou em
parte da opinião pública midiática.
Ora, o eleitorado tucano nunca
foi conservador, sempre manteve
um diálogo amistoso com entidades de direitos humanos, condenava acerbamente o modelo de segurança pública de Paulo Maluf, adotava um discurso não-dogmático
em relação à economia, defendia a
profissionalização do setor público,
a inclusão social sem paternalismo.
Principalmente exercitava um discurso não-radical, respeitoso, em
torno de idéias. Ou seja, ocupava inconteste o campo centro-esquerda
progressivo e não-dogmático, modernizante e fora dos parâmetros
de agressividade da política tradicional.
O problema da candidatura Geraldo Alckmin não foi apenas o da
falta de idéias e de peso específico
do candidato, mas como conseqüência de uma pefelização perigosa do PSDB -muito bem apontada
pela colunista do "Valor" Maria
Inês Nassif na edição de ontem.
O PSDB está gradativamente
abandonando sua base histórica e
disputando o eleitorado do PFL
-se situam aí, segundo a analista,
os conflitos entre ambos os partidos. O PFL cumpre adequadamente seu papel de representar o eleitorado mais conservador. No entanto,
quem fala hoje pelo PSDB? Em lugar da visão de Brasil de José Serra,
a truculência de Tasso Jereissati, de
Arthur Virgílio; em lugar das formulações do Instituto Sérgio Motta, a política de segurança de Saulo
de Castro Abreu/Geraldo Alckmin,
com toda sua dose de ineficiência.
A própria falta de atuação dos caciques do partido nos conflitos do
PCC mostra essa perda de rumo.
Está certo que períodos eleitorais
não são dos mais adequados para
demonstrações de autocrítica. Mas,
ao menos, devia-se sinalizar a seus
simpatizantes que o partido mantém uma visão mais sofisticada e
menos troglodita de segurança.
Com esses impasses, ocorre um
processo curioso. Os quadros radicais saíram do PT e fundaram suas
próprias agremiações. As denúncias afastaram da linha de frente as
lideranças petistas mais marcadas
pelas denúncias. Esse afastamento
abre espaço para o crescimento de
novas lideranças, não maculadas
pelas denúncias do mensalão, como
o governador do Acre, Jorge Viana,
o prefeito de Recife, João Paulo, o
de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, todos com perfil moderado,
de centro-esquerda.
E o PSDB que tem as idéias e a liderança de José Serra, os estudos
de Nakano e Bresser, o Instituto
Sérgio Motta, os irmãos Mendonça
de Barros, a visão de inovação de
um Pacheco, de saúde de um Barjas, fala po meio de um Tasso e sua
truculência explícita ou de um FHC
e sua tropa de choque refinada.
Está na hora de reavivar idéias, de
trazer propostas inovadoras, antes
que o partido se transforme em um
PFL requentado.
@ - Luisnassif uol.com.br
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