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"Câmbio flutuante no Brasil não flutua; voa ou afunda", diz Delfim
DA REPORTAGEM LOCAL
O economista e deputado federal Delfim Netto (PMDB-SP)
criticou ontem a política monetária atual, afirmando que a taxa de câmbio no Brasil "não flutua, voa": os juros altos fazem
da moeda brasileira uma das
commodities mais valorizadas
do mundo, o que deixa o câmbio suscetível.
O dólar subiu fortemente nos
últimos dias pela expectativa
de alta nos juros americanos.
"O [Antonio] Palocci [ex-ministro da Fazenda] dizia que o
câmbio flutuante flutua. Eu digo que o câmbio flutuante no
Brasil voa ou afunda", ironizou
o deputado, que participou do
Congresso da Indústria, da
Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Segundo Delfim, que é presidente do Conselho Superior de
Economia da entidade, o sistema de metas de inflação foi mal
preparado. "O governo se recusou a entender que parte dessa
sobrevalorização do câmbio está relacionada à arbitragem da
taxa de juros", disse.
Ele declarou ainda que a valorização do câmbio é um erro
histórico. "Um erro com "agá"
maiúsculo, que produz uma armadilha. Um pequeno movimento de imaginação do mercado, de que o Fed [banco central americano] vai subir os juros, produziu isso que estamos
vivendo, ou seja, uma valorização de 20% em quatro dias."
Para o deputado, haverá uma
recessão nos Estados Unidos
que terá efeito em todo o mundo, inclusive no Brasil. Ele ressaltou, entretanto, que o país
está menos vulnerável hoje. "O
Brasil tem bala para enfrentar
isso. Está muito menos vulnerável do que antes. Se o mundo
crescer menos, cresceremos
menos, mas sem recessão."
Durante o congresso, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf,
classificou a volatilidade dos
mercados observada nos últimos dias como "um soluço".
Ele afirmou ainda que o dólar a
R$ 2,40 só traz benefícios por
ser favorável às exportações.
"Isso não deve trazer nenhum
repique nos preços."
Programa para candidatos
No congresso, a Fiesp estuda
os detalhes de uma proposta
para a condução da economia
brasileira que será apresentada
em julho para todos os candidatos à Presidência da República.
Segundo Skaf, a idéia é conversar com outras entidades de
classe, como a CNI, para unificar a proposta do setor produtivo. "Chega de crescimentos pífios. Queremos um crescimento contínuo, com desburocratização, corte de gastos públicos
e mais investimentos."
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