São Paulo, sexta-feira, 26 de maio de 2006

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"Câmbio flutuante no Brasil não flutua; voa ou afunda", diz Delfim

DA REPORTAGEM LOCAL

O economista e deputado federal Delfim Netto (PMDB-SP) criticou ontem a política monetária atual, afirmando que a taxa de câmbio no Brasil "não flutua, voa": os juros altos fazem da moeda brasileira uma das commodities mais valorizadas do mundo, o que deixa o câmbio suscetível.
O dólar subiu fortemente nos últimos dias pela expectativa de alta nos juros americanos. "O [Antonio] Palocci [ex-ministro da Fazenda] dizia que o câmbio flutuante flutua. Eu digo que o câmbio flutuante no Brasil voa ou afunda", ironizou o deputado, que participou do Congresso da Indústria, da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Segundo Delfim, que é presidente do Conselho Superior de Economia da entidade, o sistema de metas de inflação foi mal preparado. "O governo se recusou a entender que parte dessa sobrevalorização do câmbio está relacionada à arbitragem da taxa de juros", disse.
Ele declarou ainda que a valorização do câmbio é um erro histórico. "Um erro com "agá" maiúsculo, que produz uma armadilha. Um pequeno movimento de imaginação do mercado, de que o Fed [banco central americano] vai subir os juros, produziu isso que estamos vivendo, ou seja, uma valorização de 20% em quatro dias."
Para o deputado, haverá uma recessão nos Estados Unidos que terá efeito em todo o mundo, inclusive no Brasil. Ele ressaltou, entretanto, que o país está menos vulnerável hoje. "O Brasil tem bala para enfrentar isso. Está muito menos vulnerável do que antes. Se o mundo crescer menos, cresceremos menos, mas sem recessão."
Durante o congresso, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, classificou a volatilidade dos mercados observada nos últimos dias como "um soluço". Ele afirmou ainda que o dólar a R$ 2,40 só traz benefícios por ser favorável às exportações. "Isso não deve trazer nenhum repique nos preços."

Programa para candidatos
No congresso, a Fiesp estuda os detalhes de uma proposta para a condução da economia brasileira que será apresentada em julho para todos os candidatos à Presidência da República.
Segundo Skaf, a idéia é conversar com outras entidades de classe, como a CNI, para unificar a proposta do setor produtivo. "Chega de crescimentos pífios. Queremos um crescimento contínuo, com desburocratização, corte de gastos públicos e mais investimentos."


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