São Paulo, sábado, 26 de maio de 2007

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Concentração avança no setor bancário

20 maiores bancos passaram de 83% para 92% dos ativos em 11 anos, quando 40 instituições deixaram de existir

Fusões, incorporações e privatizações marcaram período de 1995 a 2006; estrangeiros aumentam participação no mercado


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Num espaço de 11 anos, 40 bancos que atuavam no Brasil deixaram de existir, e o grupo formado pelas 20 maiores instituições financeiras passou a dominar 92% do mercado. Os dados foram levantados pela consultoria EFC, em estudo sobre a concentração bancária feito a partir de informações fornecidas pelo Banco Central.
Segundo o estudo, em dezembro de 1995 havia 144 bancos em funcionamento no país. Desse total, 104 sobreviveram a um intenso processo de fusões e privatizações e continuavam operando no final de 2006.
Nesse período, também houve uma forte mudança no perfil desse mercado. Em 1995, os 20 maiores bancos possuíam 83% dos ativos do setor. Depois de 11 anos, essa proporção havia subido para 92%.
"Evidentemente que, com a maior concentração no setor bancário, as opções para os tomadores de recursos diminuem", afirma o presidente da EFC, Carlos Coradi, sobre os efeitos que a queda no número de bancos atuando no país tem sobre a concorrência.
O economista Mário Sérgio Cardim, um dos autores do estudo, diz que a maior concentração poderia ter ajudado na redução do "spread" -diferença entre os juros que os bancos pagam para captar recursos e a taxa cobrada dos clientes.
Por esse raciocínio, bancos de maior porte teriam maiores facilidades em captar recursos no mercado, além de diluir seus custos num número maior de operações de crédito. Segundo Cardim, porém, não foi o que aconteceu. "Isso está expresso nos próprios resultados: os bancos nunca ganharam tanto dinheiro quanto agora", diz.
Além disso, Cardim afirma que a concentração dos ativos do setor em poucos bancos dificulta a atuação de instituições de pequeno porte, que passam a enfrentar dificuldades para concorrer com grandes conglomerados. "A vida dos pequenos está cada vez mais difícil."
O levantamento mostra ainda uma queda no peso dos bancos públicos no setor. Em 1995, a lista dos 20 maiores bancos do país continha nove instituições públicas, que respondiam por 66% dos ativos do grupo. Em 2006, o número de bancos públicos caiu para cinco, e o peso de seus ativos entre os 20 maiores recuou para 36%.
Esse movimento reflete as privatizações de bancos estaduais ocorrida no período. A maior operação ocorreu em 2000, quando o Santander pagou R$ 7 bilhões, em valores da época, pelo Banespa.
Mas bancos privados também enfrentaram dificuldades. Em 1995, por exemplo, o Bamerindus aparecia como a sétima maior instituição financeira do Brasil, com ativos avaliados em R$ 46,7 bilhões em valores atualizados pelo IGP-DI. O banco acabou socorrido pelo Proer (programa de ajuda a bancos privados conduzido nos anos 90) e, posteriormente, vendido ao HSBC.
Negócios como o do britânico HSBC e o do espanhol Santander ajudaram a elevar a fatia de estrangeiros no setor bancário nacional. De 1995 a 2006, passou de cinco para nove o total de instituições de outros países entre as 20 maiores.


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