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Concentração avança no setor bancário
20 maiores bancos passaram de 83% para 92% dos ativos em 11 anos, quando 40 instituições deixaram de existir
Fusões, incorporações e privatizações marcaram período de 1995 a 2006; estrangeiros aumentam participação no mercado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Num espaço de 11 anos, 40
bancos que atuavam no Brasil
deixaram de existir, e o grupo
formado pelas 20 maiores instituições financeiras passou a
dominar 92% do mercado. Os
dados foram levantados pela
consultoria EFC, em estudo sobre a concentração bancária
feito a partir de informações
fornecidas pelo Banco Central.
Segundo o estudo, em dezembro de 1995 havia 144 bancos em funcionamento no país.
Desse total, 104 sobreviveram a
um intenso processo de fusões
e privatizações e continuavam
operando no final de 2006.
Nesse período, também houve uma forte mudança no perfil
desse mercado. Em 1995, os 20
maiores bancos possuíam 83%
dos ativos do setor. Depois de 11
anos, essa proporção havia subido para 92%.
"Evidentemente que, com a
maior concentração no setor
bancário, as opções para os tomadores de recursos diminuem", afirma o presidente da
EFC, Carlos Coradi, sobre os
efeitos que a queda no número
de bancos atuando no país tem
sobre a concorrência.
O economista Mário Sérgio
Cardim, um dos autores do estudo, diz que a maior concentração poderia ter ajudado na
redução do "spread" -diferença entre os juros que os bancos
pagam para captar recursos e a
taxa cobrada dos clientes.
Por esse raciocínio, bancos
de maior porte teriam maiores
facilidades em captar recursos
no mercado, além de diluir seus
custos num número maior de
operações de crédito. Segundo
Cardim, porém, não foi o que
aconteceu. "Isso está expresso
nos próprios resultados: os
bancos nunca ganharam tanto
dinheiro quanto agora", diz.
Além disso, Cardim afirma
que a concentração dos ativos
do setor em poucos bancos dificulta a atuação de instituições
de pequeno porte, que passam
a enfrentar dificuldades para
concorrer com grandes conglomerados. "A vida dos pequenos
está cada vez mais difícil."
O levantamento mostra ainda uma queda no peso dos bancos públicos no setor. Em 1995,
a lista dos 20 maiores bancos
do país continha nove instituições públicas, que respondiam
por 66% dos ativos do grupo.
Em 2006, o número de bancos
públicos caiu para cinco, e o peso de seus ativos entre os 20
maiores recuou para 36%.
Esse movimento reflete as
privatizações de bancos estaduais ocorrida no período. A
maior operação ocorreu em
2000, quando o Santander pagou R$ 7 bilhões, em valores da
época, pelo Banespa.
Mas bancos privados também enfrentaram dificuldades.
Em 1995, por exemplo, o Bamerindus aparecia como a sétima
maior instituição financeira do
Brasil, com ativos avaliados em
R$ 46,7 bilhões em valores
atualizados pelo IGP-DI. O
banco acabou socorrido pelo
Proer (programa de ajuda a
bancos privados conduzido nos
anos 90) e, posteriormente,
vendido ao HSBC.
Negócios como o do britânico HSBC e o do espanhol Santander ajudaram a elevar a fatia
de estrangeiros no setor bancário nacional. De 1995 a 2006,
passou de cinco para nove o total de instituições de outros
países entre as 20 maiores.
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