São Paulo, sábado, 26 de junho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Plano do banco depende de aval de conselho

DA SUCURSAL DO RIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TERESINA

A apreciação do plano estratégico do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) é uma das missões estatutárias do seu conselho de administração, apesar de o banco não ser uma sociedade anônima.
No texto que resume as "atribuições do conselho" existente no site do banco na internet, está escrito que, entre outras tarefas, o conselho "examina e aprova, por proposta do presidente do banco, as políticas gerais e programas de atuação de longo prazo". O plano estratégico nada mais é do que as linhas mestras de um programa de atuação de longo prazo.
A nova evidência das divergências entre o presidente do BNDES, Carlos Lessa, e o seu chefe, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, começou justamente com uma carta de Furlan reclamando do fato de o plano estratégico para o período 2004/2007 não ter sido submetido ao conselho de administração do banco.
Embora interprete que, por não ser uma S.A., o banco não está obrigado a fazê-lo, a direção do BNDES, segundo a Folha apurou, argumenta que o plano não foi apresentado ao conselho porque não está pronto, o que só deverá ocorrer em novembro. Quando ficar, será apresentado, o que não significa dizer submetido.
Como Lessa respondeu a Furlan, a direção do BNDES considera que a vinculação do banco ao Ministério do Desenvolvimento não significa uma subordinação.
A idéia é que, caso tenha que agir como simples departamento do ministério, o banco não terá a autonomia necessária para se relacionar com as várias áreas do governo no exercício da tarefa de promover o desenvolvimento econômico e social.
Para aqueles que circulam pelo 19º andar da sede do BNDES, onde está instalada sua direção, tanto é verdade que o banco tem vida própria que seu presidente e diretores são escolhidos diretamente pelo presidente da República. Historicamente, embora vinculado a um ministério, o BNDES sempre agiu com um elevado grau de autonomia.

Lessa
Em Teresina (PI), Carlos Lessa afirmou ontem que a diretoria do banco tem autonomia para adotar medidas que achar convenientes.
"Na minha interpretação, a diretoria do BNDES é responsável pelas decisões que o banco assumir. Se alguma coisa der errado, nós seremos responsabilizados judicialmente. Por isso temos autonomia", afirmou o presidente do BNDES.
Questionado sobre se teve atrito com Furlan, Lessa disse que não há nenhuma interferência do ministro. "Ele [Furlan] é presidente do conselho [de administração do banco] e quer apenas participar." Sobre a afirmação feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva -de que o "o BNDES é subordinado ao Ministério do Desenvolvimento"-, Lessa disse: "Não tenho nada a declarar sobre isso".
Ele também informou que o planejamento estratégico do banco levará ainda seis meses para ficar concluído. "Quando estiver ponto, terá que ser submetido à decisão do presidente, do Ministério do Planejamento e do ministério da minha área."


Texto Anterior: Mercado de capitais: BNDES cria fundo para pequeno investidor
Próximo Texto: Derivados: Petrobras paga US$ 450 mi pela Agip no país
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.