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Governo fala em elevar crescimento, mas descarta truques e heterodoxia
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro do Planejamento,
Paulo Bernardo, disse à Folha que
o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva está preocupado com o crescimento do país. O ministro admite que, em resposta às solicitações de Lula, o governo estuda
formas para acelerar o ritmo da
atividade econômica, mas ressalta
que "sem truques, sem pirotecnia,
malabarismos ou heterodoxia".
"O presidente recebe as demandas, vai aos eventos, tem contato
com a sociedade. Ele passa para a
gente o que o preocupa e o que
preocupa a sociedade. Eu, por
exemplo, me preocupo o tempo
todo com essa questão [garantir o
crescimento econômico]", disse.
Há pouco mais de dez dias, conforme a Folha revelou, o presidente Lula reuniu os ministros
Antonio Palocci Filho (Fazenda) e
Paulo Bernardo, o presidente do
Banco Central, Henrique Meirelles, o presidente do BNDES, Guido Mantega, o líder do governo
no Senado, Aloizio Mercadante
(PT-SP), o ex-ministro José Dirceu e o deputado Delfim Netto
(PP-SP). Foi nessa ocasião em que
o presidente Lula cobrou medidas
para garantir um crescimento acima de 3% neste ano.
No jantar, Delfim Netto apresentou proposta para que o governo aprofunde sua política de
aperto fiscal. No lugar de perseguir um superávit primário (economia de receitas sem considerar
gastos com juros), o governo passaria a definir metas para zerar o
seu déficit nominal (inclui os gastos com juros).
Ao gastar menos, o governo daria uma forte demonstração de
confiança ao mercado financeiro
e estimularia menos a inflação,
permitindo que o BC reduzisse os
juros rapidamente, segundo o raciocínio de Delfim.
Paulo Bernardo disse que se trata de "uma discussão interessante" e que pediu à sua equipe que
estudasse a viabilidade das medidas sugeridas. Mas ressaltou que,
se algo vier a ser adotado nessa linha, não será nada "mirabolante". "Não vamos zerar os juros ou
a inflação, não é nada disso."
Superávit primário
A meta de superávit primário
hoje está em 4,25% do PIB. Bernardo não descarta um simples
aumento do superávit, apesar de
frisar que o assunto ainda não foi
debatido pela equipe econômica.
Ele destaca também que, se os
gastos correntes forem mantidos
estáveis por seis anos, como sugere Delfim, já seria "um ganho, um
sinal muito positivo que equivale
a um superávit [maior]".
"Aumentaríamos só os recursos
para investimentos, segurando a
despesa corrente. Com isso você
estimula o crescimento sem jogar
peso na inflação. Assim, gradativamente você vai ter diminuição
da relação dívida/PIB."
Paulo Bernardo destacou como
fator positivo o fato de vários índices de preços nos últimos dias
terem registrado deflação. "Esse
quadro cria uma expectativa boa
de investimentos, e o governo vai
atuar no sentido de ajudar."
O ministro ressalta que a crise
política não tem afetado a economia. "Nós temos uma crise política. Não há nenhum componente
afetando a economia, a política
econômica do governo. O governo segue o mesmo rumo. O mercado enxerga isso claramente."
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