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ANÁLISE
Ritmo já está mais lento
OSCAR PILAGALLO
Editor de Dinheiro
O desempenho excepcional
da economia dos Estados Unidos nos três primeiros meses
do ano não se repetirá neste
trimestre, que termina na próxima semana.
A expansão continua, mas a
um ritmo muito mais lento. As
estimativas oscilam entre 2% e
3% de alta anualizada.
Se ficar nessa ordem de grandeza, a variação do PIB descreverá curva semelhante à do
ano passado, quando o país
completou sete anos consecutivos de crescimento.
O que está ajudando a frear a
economia norte-americana é a
pilha dos estoques e o buraco
do comércio exterior.
Os estoques superaram a
barreira dos US$ 100 bilhões
no primeiro trimestre, o que
contribuiu para o aquecimento
da economia no período.
A tendência natural é que a
desova de parte desses produtos não vendidos tenha algum
impacto negativo sobre as novas encomendas às indústrias.
Quanto ao comércio exterior, começou o segundo trimestre projetando déficit
anual de quase US$ 150 bilhões
em decorrência da valorização
do dólar (que barateia os produtos comprados no exterior).
Há ainda fatores isolados,
como a greve da General Motors, que vai comprometer a
produção industrial.
O fato de a economia dar sinais de desaquecimento é positivo. Caso contrário, o Fed
(banco central dos EUA), sempre atento a possíveis pressões
inflacionárias, poderia ser levado a aumentar os juros para
inibir a forte expansão.
A possibilidade, entretanto,
não está descartada -a não
ser a curto prazo, porque não
interessa aos Estados Unidos
tomar qualquer iniciativa que
contribua para elevar o grau de
incerteza internacional.
Um foco de preocupação é o
aumento dos salários, que já
comprometeu o resultado de
muitas empresas.
De um lado, as empresas arcaram com custos maiores e,
de outro, não puderam repassá-los devido à competição dos
produtos importados -e foi
por isso que não houve impacto inflacionário.
A pressão salarial é consequência do baixo índice de desemprego (4,3% da força de
trabalho, o mais baixo dos últimos 28 anos).
Até entre os "dropouts"
(pessoas que largaram a escola
e, portanto, são menos qualificadas para o trabalho) o desemprego caiu de 8,2% para
6,7% nos 12 meses até maio.
Confiantes, certos de que
manterão seus empregos e
com a perspectiva de ganharem mais, os norte-americanos comprometem parcelas
crescentes de seus ganhos.
Ontem, por exemplo, foi divulgado que a venda de casas
subiu 1% em maio (nesse ritmo, seriam comercializadas
4,8 milhões em um ano).
O excesso de confiança dos
consumidores é o que, ironicamente, pode ameaçar a continuidade do ciclo de expansão.
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