São Paulo, quinta-feira, 26 de julho de 2001

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SOCORRO

Porta-voz do Fundo diz que não há risco iminente na economia do país

FMI descarta conceder novo empréstimo já para o Brasil

DE WASHINGTON

O FMI (Fundo Monetário Internacional) jogou ontem um balde de água fria nas expectativas dos mercados e da opinião pública ao anunciar que não está negociando oficialmente a extensão de seu programa econômico com o governo brasileiro e ao descartar o anúncio de um novo empréstimo ao país num prazo curto.
"É prematuro falar em negociação, em valores, e não há pressa nenhuma em elaborarmos um novo programa", afirmou ontem o porta-voz do FMI, Thomas Dawson. "A missão brasileira que chegou a Washington não está negociando, mas apenas debatendo a situação econômica atual e as opções do país para quando o programa atual acabar [em 1º de dezembro]."
Segundo Dawson, não existe uma situação de crise iminente na economia brasileira que justifique um reforço de urgência no programa com o Brasil, embora o país esteja sendo afetado "adversamente por um número de fatos, alguns domésticos, outros globais e alguns regionais, particularmente o contágio da Argentina".
Dawson disse que o FMI não é "o colégio de cardeais do Vaticano, que vai produzir fumaça branca anunciando um acordo e dinheiro".
A Folha apurou que a conclusão de um novo programa deve sair só em setembro. O prazo seria suficiente para o país programar-se para dezembro, quando haverá um acúmulo de vencimentos de compromissos externos.
Curiosamente, as declarações de Dawson foram feitas no primeiro dia de conversas da missão brasileira no FMI, liderada pelo secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Amaury Bier.
Dawson disse ter sido informado pelo governo brasileiro de que a missão em Washington não tem "mandato" para negociar e lembrou que a diretoria do FMI estará em recesso de 6 a 17 de agosto.
Embora afirme não fazer parte da missão, também está em Washington o presidente do BC, Armínio Fraga, que se encontrou ontem com o presidente do Fed, Alan Greenspan, e com o subsecretário do Tesouro dos EUA, James Taylor.
Ao deixar o prédio do FMI, onde se reuniu com membros da instituição, Fraga disse: "Estamos mantendo conversas informais, que estão evoluindo muito bem".
A intenção do governo brasileiro é negociar com o FMI a prorrogação do acordo assinado em 1998, com o objetivo de obter um novo empréstimo.
No atual acordo, o Brasil dispõe de um volume de recursos financeiros de US$ 18 bilhões diretamente do Fundo. Há ainda US$ 9 bilhões do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e do Bird (Banco Mundial) e US$ 14,5 bilhões colocados à disposição por países industrializados. O total da ajuda financeira ao Brasil chega a US$ 41,5 bilhões.
(MARCIO AITH)



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