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SOCORRO
Porta-voz do Fundo diz que não há risco iminente na economia do país
FMI descarta conceder novo
empréstimo já para o Brasil
DE WASHINGTON
O FMI (Fundo Monetário Internacional) jogou ontem um balde de água fria nas expectativas
dos mercados e da opinião pública ao anunciar que não está negociando oficialmente a extensão de
seu programa econômico com o
governo brasileiro e ao descartar
o anúncio de um novo empréstimo ao país num prazo curto.
"É prematuro falar em negociação, em valores, e não há pressa
nenhuma em elaborarmos um
novo programa", afirmou ontem
o porta-voz do FMI, Thomas
Dawson. "A missão brasileira que
chegou a Washington não está
negociando, mas apenas debatendo a situação econômica atual e as
opções do país para quando o
programa atual acabar [em 1º de
dezembro]."
Segundo Dawson, não existe
uma situação de crise iminente na
economia brasileira que justifique
um reforço de urgência no programa com o Brasil, embora o
país esteja sendo afetado "adversamente por um número de fatos,
alguns domésticos, outros globais
e alguns regionais, particularmente o contágio da Argentina".
Dawson disse que o FMI não é
"o colégio de cardeais do Vaticano, que vai produzir fumaça
branca anunciando um acordo e
dinheiro".
A Folha apurou que a conclusão
de um novo programa deve sair
só em setembro. O prazo seria suficiente para o país programar-se
para dezembro, quando haverá
um acúmulo de vencimentos de
compromissos externos.
Curiosamente, as declarações
de Dawson foram feitas no primeiro dia de conversas da missão
brasileira no FMI, liderada pelo
secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Amaury Bier.
Dawson disse ter sido informado pelo governo brasileiro de que
a missão em Washington não tem
"mandato" para negociar e lembrou que a diretoria do FMI estará
em recesso de 6 a 17 de agosto.
Embora afirme não fazer parte
da missão, também está em Washington o presidente do BC, Armínio Fraga, que se encontrou
ontem com o presidente do Fed,
Alan Greenspan, e com o subsecretário do Tesouro dos EUA, James Taylor.
Ao deixar o prédio do FMI, onde se reuniu com membros da
instituição, Fraga disse: "Estamos
mantendo conversas informais,
que estão evoluindo muito bem".
A intenção do governo brasileiro é negociar com o FMI a prorrogação do acordo assinado em
1998, com o objetivo de obter um
novo empréstimo.
No atual acordo, o Brasil dispõe
de um volume de recursos financeiros de US$ 18 bilhões diretamente do Fundo. Há ainda US$ 9
bilhões do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e do
Bird (Banco Mundial) e US$ 14,5
bilhões colocados à disposição
por países industrializados. O total da ajuda financeira ao Brasil
chega a US$ 41,5 bilhões.
(MARCIO AITH)
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