São Paulo, quinta-feira, 26 de julho de 2001

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TRABALHO

Queda no número de pessoas que procuram vaga faz índice recuar em junho

Desânimo derruba desemprego

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de junho apontou queda no desemprego tanto na comparação com o mês anterior como com o mesmo mês do ano passado. A taxa foi de 6,4%, abaixo dos 6,9% de maio e dos 7,4% de junho do ano passado.
A taxa de desemprego foi a menor para um mês de junho desde 1997, quando havia sido de 6,1%.
Todos esses dados parecem, à primeira vista, positivos. Mas eles escondem que o desemprego está em queda porque o número de pessoas que deixaram de procurar emprego cresceu vertiginosamente desde outubro de 2000.
Abrigado no conceito batizado de não-PEA (População Não Economicamente Ativa) pelo IBGE, o número de pessoas que desistiram de procurar trabalho subiu 6,1% em junho, ante igual período de 2000. Em maio e abril, havia crescido ainda mais: 7,1% e 7,3%, respectivamente.
Em junho do ano passado, o total da população em idade ativa (a partir de 15 anos) que estava fora do mercado de trabalho havia caído 0,2% ante o mesmo mês de 1999. A tendência de queda se manifestou até setembro do ano passado (-1%). A taxa chegou a cair 2,4% em maio do mesmo ano.
Para Caroline Silveira, economista da Tendências Consultoria, o ano passado foi muito bom para a criação de novas vagas, o que estimulou as pessoas a buscar emprego. Mas esse movimento não se repetiu neste ano.
"Menos pessoas procuraram emprego em julho por puro desalento com a situação econômica do país devido à crise de energia. Não porque a renda familiar aumentou, o que deixaria alguns membros da família mais tranquilos, sem a necessidade de buscar uma nova colocação."
Segundo o IBGE, o rendimento médio do trabalhador caiu 1,3% em maio na comparação com abril. Em relação a maio de 2000, a queda foi de 3,4%.
Os excluídos da PEA (População Economicamente Ativa) são os que responderam ao IBGE que não estão procurando trabalho há mais de uma semana. Inclui os aposentados.
Para Shyrlene Ramos de Souza, economista do IBGE, "a não-PEA vem crescendo significativamente, a taxas elevadas".
Ela disse que a piora do mercado de trabalho, que vive ainda uma desaceleração no crescimento do pessoal ocupado, é reflexo dos seguidos aumentos de juros, da mudança de patamar do câmbio e das crises de energia e da Argentina.



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