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Nos bastidores, número 2 do FMI e Malan criticam redução de juros
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A vice-diretora-gerente do FMI
(Fundo Monetário Internacional), Anne Krueger, criticou, nas
conversas desta semana com autoridades brasileiras, a queda da
taxa de juros básicos da economia
de 18,5% para 18% ao ano. A diminuição aconteceu na semana
passada e teve componente político, embora não eleitoral.
A Folha apurou que Krueger, se
o governo brasileiro considerar
necessário, estará disposta a avalizar um novo acordo do Fundo
com o país, como cogita o presidente do Banco Central, Armínio
Fraga. No entanto, o acerto só deverá sair se a taxa de juros não tiver trajetória declinante. A campanha presidencial do tucano José Serra, candidato do governo,
pede nova redução.
Segundo a Folha apurou, Krueger considerou um erro diminuir
a taxa de juros básica da economia em um momento em que a
economia brasileira e a americana
enfrentam fortes dificuldades simultaneamente, ainda que de naturezas diferentes. Motivo: a necessidade do Brasil de atrair investimentos para superar a turbulência financeira atual não recomenda juros em queda.
As avaliações da número 2 do
FMI foram transmitidas a Fraga,
que se encontrou com Anne
Krueger na segunda-feira, e ao
ministro da Fazenda, Pedro Malan, que almoçou com a economista na terça-feira, acompanhado do presidente do BC.
Na mesma terça-feira, Krueger
esteve com o presidente Fernando Henrique Cardoso. A conversa
entre o presidente e a economista
tratou de problemas econômicos
de maneira mais genérica, sem
crítica direta à queda da taxa de
juros, mas com manifestações de
preocupação em relação à manutenção da taxa num patamar suficientemente alto.
Malan contra queda
A Folha apurou que Malan também julgou equivocada a diminuição dos juros. Malan ficou
contrariado com a queda da semana passada e manifestou essa
posição claramente a FHC.
O ministro da Fazenda desejava
manter os 18,5% anuais. Mas
FHC, contrariando sua decisão
histórica de deixar a queda de juros a cargo apenas das autoridades econômicas, fez gestões sutis
junto a Fraga e ao próprio Malan a
fim de diminuir a taxa em 0,5
ponto percentual.
Pressionado por Serra, candidato oficial que responsabiliza as
más notícias na economia por seu
terceiro lugar no páreo presidencial, FHC tem tentado estimular o
crescimento econômico sem
comprometer a estabilidade monetária e o ajuste fiscal.
Malan, porém, teme que medidas recentes, como a intervenção
no mercado de combustíveis a
fim de baixar o preço do gás de
cozinha, produto cujo aumento
de 472% em oito anos é tido como
o vilão da campanha serrista, minem a credibilidade da política
econômica e tenham efeito contrário na política, transmitindo
idéia de desespero eleitoral.
Malan lembrou a FHC que, no
segundo semestre de 1998, quando o presidente era candidato a
reeleição, o governo editou um
forte pacote fiscal. Ou seja, FHC
estaria fazendo por Serra o que
não fez nem por ele.
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