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análise
Dívida pode pôr fim a boom de aquisições
PAUL J. DAVIES
SASKIA SCHOLTES
DO "FINANCIAL TIMES"
Os mercados de capitais e
títulos de dívida dos Estados
Unidos e da Europa começaram ontem a receber claros
sinais de uma compressão de
crédito, quando surgiram informações de que duas das
maiores aquisições alavancadas que estão sendo organizadas encontraram dificuldades significativas.
Na Europa, os bancos responsáveis pelo refinanciamento dos 9 bilhões de libras
em dívidas da Alliance Boots,
que está sendo adquirida na
maior transação alavancada
da história britânica, abandonaram as tentativas de colocar no mercado 5 bilhões
de libras em títulos de dívida
preferenciais, optando por
emitir mais papéis de retorno mais alto, com desconto
superior ao esperado nos valores de face, o que expôs a
prejuízos as instituições que
subscreveram a transação.
Nos EUA, o financiamento
da aquisição da montadora
de automóveis Chrysler pela
Cerberus, uma transação de
US$ 20 bilhões, também encontrou dificuldades, e os
bancos decidiram adiar a colocação de US$ 12 bilhões em
títulos de dívida, que seriam
vinculados ao lado operacional da montadora, e não à sua
divisão financeira.
Em ambos os casos, os papéis oferecidos não conseguiram atrair compradores
em volume suficiente mesmo depois que termos mais
favoráveis foram oferecidos.
Os problemas de colocação
de dívida em transações desse porte podem sinalizar que
acabou o pico do recente
boom no segmento de aquisições alavancadas, estimulado pela atividade de grupos
de capital privado dotados de
grandes recursos de caixa.
Essa tendência provavelmente causará problemas
aos investidores tanto no
mercado de títulos de dívida
quanto no de ações, que muita gente acredita que se tenha beneficiado de avaliações superiores devido à suposição de que ofertas pela
aquisição de quase qualquer
empresa eram factíveis.
Marek Gumienny, diretor-executivo da Candover, empresa britânica especializada
em aquisições, diz acreditar
que os volumes transacionados se reduzam, agora, como
conseqüência do tumulto
nos mercados de crédito.
"A principal questão é o
volume de papéis de dívida
nas mãos das empresas subscritoras. Ouvimos boatos de
que alguns bancos decidiram
encerrar as operações até o
final do trimestre -chega de
crédito."
Alguns executivos do setor
bancário insistem em que
continuam no mercado e que
suas normas para subscrição
de transações não mudaram.
Mas, à medida que crescem o
número e o montante das
transações dos bancos, é provável que isso mude, a não
ser que surja uma melhora
considerável nos mercados
de títulos de dívida.
A Europa prepara algumas
aquisições alavancadas de
valor mais baixo para os próximos meses, mas os EUA
têm um excedente de mais
de US$ 300 bilhões em bônus e certificados de empréstimos. Os investidores já estavam nervosos quanto à capacidade do mercado para
absorver esses papéis de dívida antes que a oferta de papéis da Chrysler fracassasse
em encontrar compradores.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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