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INVESTIMENTOS
Perdas em dólares atingem mercado de ações e fundos; CDI tem a maior queda desde a sua criação, em
1986
Aplicações têm pior resultado em 20 anos
ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A perda de valor do real fez com
que as aplicações em renda fixa e
em ações, quando convertidas em
dólar, registrassem um dos piores
resultados dos últimos anos.
Segundo dados da Economática, do início do ano até o dia 22 de
agosto o CDI -Certificado de
Depósito Interbancário, título negociado entre os bancos e referência das aplicações de renda fixa-
rendeu, em reais, 11,46%. No entanto, quando se desconta a valorização do dólar no período, o
CDI está com rendimento negativo de 17,67% no ano.
Essa é a maior queda anual registrada na série histórica do CDI,
que foi criado em 1986. Até então,
o pior ano havia sido 1999, quando o CDI teve queda de 15,5% em
dólar, devido à mudança do regime cambial, que passou a ser flutuante e elevou a cotação da moeda em 48,01%.
Ao analisarmos os resultados
anuais da caderneta de poupança,
a perda neste ano, em dólar, é a
quarta maior desde 1967. No ano,
até o dia 22 de agosto, essa aplicação está com alta de 5,82% em
reais e queda de 21,84% em dólar.
A pior rentabilidade, após descontada a variação da moeda, é a
de 1983, quando ficou em -29,4%.
No caso do Ibovespa (Índice da
Bolsa de Valores de São Paulo), os
prejuízos são ainda maiores. Até o
dia 22 de agosto, a variação desse
índice, no ano, em reais, acumulava queda de 28,54% e, em dólar,
de 47,22%. Este resultado é o
quarto pior desde 1968, quando
foi criado o índice.
De acordo com Fernando Exel,
presidente da Economática, em
1990 o Ibovespa apresentou queda de 72,7% em dólar. Seu comportamento foi influenciado pelo
Plano Collor, que confiscou as
aplicações financeiras naquele
ano. Em 1987, a retração foi de
72%, devido ao naufrágio do Plano Cruzado. Em 1972, a causa da
perda de 49,6% foi a ressaca do
boom vivido em 1971.
Os cálculos da Economática foram feitos com base no dólar Ptax
(preço médio do dólar divulgado
diariamente pelo Banco Central),
que no dia 22 de agosto estava cotado em R$ 3,14 e acumulava alta
no ano de 35,39%.
Os prejuízos, em dólar, das aplicações assustam, mas, segundo
William Eid Júnior, coordenador
do Centro de Estudos em Finanças, da Fundação Getúlio Vargas,
não devem levar o investidor a
achar que é melhor comprar a
moeda norte-americana.
No caso das aplicações atreladas
ao CDI, explica ele, o histórico
também mostra que, em condições normais de mercado, sua
rentabilidade tende a ser superior
à variação do dólar.
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