|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IMPASSE
Candidato da oposição, Skaf é eleito na Fiesp; Vaz, da situação, é anunciado vencedor extra-oficial no Ciesp, mas é contestado
Eleição racha liderança da indústria de SP
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Pela primeira vez na história, a
liderança dos industriais paulistas
rachou ontem na eleição para a
presidência da Fiesp (Federação
das Indústrias do Estado de São
Paulo) e do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).
Os dois lados trocaram acusações,
e o resultado final da campanha
mais acirrada do setor só deve ser
conhecido na semana que vem.
Com uma folga de 18 votos, o
candidato da oposição, Paulo
Skaf, venceu a eleição para a presidência da Fiesp, com o apoio de
70 sindicatos. O candidato Claudio Vaz, da situação, teve 52 votos
e admitiu a derrota. Skaf assume
na Fiesp no final de setembro.
Já no Ciesp, foi anunciado por
volta das 20h30 que Vaz teve a
maioria dos votos, apesar de protestos do grupo de Skaf, que
ameaça impugnar a contagem.
Partidários dos dois passaram a
trocar acusações: "Não vamos
aceitar!", gritavam simpatizantes
de Skaf. "Chapa branca! Chapa
branca!", gritavam simpatizantes
de Vaz, aludindo a uma suposta
posição pró-governo de Skaf. Os
ânimos se exaltaram, com troca
de xingamentos, e alguns simpatizantes tiveram de ser contidos.
O resultado da eleição no Ciesp
pode ser anunciado só na semana
que vem, por causa de pedido de
Skaf de recontagem dos votos.
Integrantes da chapa de Skaf
alegam suspeita de irregularidades na contagem de votos em algumas urnas da zona sul, com
uma diferença entre o número de
votos e o número de credenciamentos nessas urnas. Vaz diz, no
entanto, que o número de votos
sem credenciamentos é pequeno
e não irá alterar o resultado da
eleição.
Segundo dados da comissão
eleitoral, dos cerca de 7.500 empresários aptos a votar no Ciesp,
3.807 o fizeram, com 2.097 para
Vaz e 1.681 para Skaf, além de nulos e em branco. O grupo de Skaf
tenta impugnar todos os votos da
zona sul, que tem 598 votos. Mas
apenas 278 empresários votaram
na região, número insuficiente
para tirar a vitória de Vaz.
O atual presidente da Fiesp/
Ciesp, Horacio Lafer Piva, disse
acreditar na superação do impasse: "Isso não vai afetar a indústria
porque as duas chapas terão responsabilidade suficiente para encontrar um mecanismo para
manter nosso maior ativo [a
união do setor]".
Antes dos ânimos esquentarem,
Skaf chegou a brincar sobre a disputa mais acirrada e cara das entidades. "Tudo o que é muito disputado é mais legítimo", declarou
logo após a apuração na Fiesp. "É
a primeira vez na história da Fiesp
que um candidato da oposição registra a chapa com maioria absoluta dos votos", completou.
A única vez em que um candidato da oposição tinha vencido a
eleição na Fiesp foi em 1980.
Skaf, naquele momento, não
acreditava em um possível racha
entre Fiesp e Ciesp caso as duas
entidades sejam dirigidas por
chapas diferentes. "Não há risco
de divisão. Viemos para somar,
não para dividir", disse Skaf. Vaz
também estava conciliador. "Provavelmente o eleitorado entendeu
que a proposta do Paulo era melhor. Eu tenho que respeitar, o
eleitor é soberano no processo."
Ao longo do dia, antes do impasse, comentava-se a possibilidade de um acordo entre as duas
chapas em caso de diferentes presidentes ocuparem a presidência
das duas entidades.
Fiesp balançada
Logo cedo, Mário Amato,
apoiador de Vaz, defendeu a conciliação. "A Fiesp está balançada",
afirmou o ex-presidente da entidade. Ele disse que um racha "não
seria muito conveniente". "Temos que conciliar. Estou tentando ser o poder moderador", disse.
"Se ocorrer uma divisão, as atividades industriais podem ser muito prejudicadas. Talvez uma alternativa nesse caso seja dividir os
cargos: os dois candidatos seriam
presidentes e vice-presidentes das
entidades."
Também antes da crise, Piva declarou que a indústria não perderia com um racha. "Pode haver
mágoa, mas a tendência é as entidades se reaglutinarem", disse ele,
que, no entanto, preferiu não se
posicionar em relação à possibilidade de um acordo.
Também apoiador de Vaz, Paulo Butori, presidente do Sindipeças, declarou que, apesar de acreditar que uma conciliação iria
prejudicar as entidades, um acordo seria pouco provável. "Não havendo união, vamos para a desunião", disse. "Compor o quê? Ao
vencedor, as batatas", dizia Synésio Batista da Costa, presidente da
Abrinq e candidato a vice-presidência na chapa de Vaz.
Texto Anterior: Painel S.A. Próximo Texto: Impasse: Atuação com a Fiesp será reavaliada, diz Vaz Índice
|