São Paulo, quinta-feira, 26 de agosto de 2004

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Disputa acirrada marca votação

DA REPORTAGEM LOCAL

De dez em dez minutos, os elevadores abriam as portas e blocos de engravatados invadiam o hall do 15º andar do prédio da Fiesp na avenida Paulista, um dos locais da eleição de ontem para a presidência da organização e do Ciesp.
A chegada do séquito do oposicionista Paulo Skaf ao local de votação, por volta das 9h30, foi cuidadosamente planejada para provocar impacto. O candidato reuniu cerca de 70 apoiadores em um posto de gasolina próximo ao prédio da entidade, todos portando placas e com braçadeiras de apoio à Chapa 1. Antes, Skaf havia tomado café com empresários em um hotel da cidade. Chegou ao prédio da Fiesp no clima "já ganhou" de sua campanha.
"Otimista? O que você acha? Estou realista. Disse que tinha 70 votos e aqui estão eles", afirmava, apontando para os empresários que o cercavam (o placar final na Fiesp foi de 70 para Skaf e 52 para o situacionista Claudio Vaz).
Por volta das 10h30, os apoiadores de Skaf já anunciavam o resultado preliminar de uma "boca-de-urna" encomendada pelo candidato ao Ibope: 63 votos na eleição da Fiesp já seriam dele.
Um estilo completamente diferente adotou o candidato da situação, que tomou café com a família, em sua casa, chegou ao prédio com poucos correligionários e se recusou a fazer previsões. "São 10h, a votação termina às 17h."
A discrição, no entanto, se limitou às declarações. Na calçada do prédio na avenida Paulista, um caminhão de som com a foto do candidato tocava os últimos sucessos de axé. Exatamente ao lado, estava em ação uma banda levada por Skaf, com direito a trompete, tambores e dançarinas. "A passeata dos bancários na Paulista foi ofuscada", brincou Vaz.
A despeito das brincadeiras, as acusações que marcaram a eleição -a mais disputada e cara da entidade (de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões, as duas campanhas somadas)- não faltaram ontem.
Entre os correligionários de Vaz, dizia-se que a estratégia de Skaf era divulgar na mídia o resultado da "boca-de-urna" para influenciar as votações ao longo da tarde para a presidência do Ciesp.
Isso porque a apuração da votação do Ciesp é muito mais demorada: são 7.500 empresas votantes em diferentes cidades do Estado, enquanto na Fiesp, são só 122 votantes, todos na Paulista.
O comentário do lado de Skaf era que o grupo de Vaz estava segurando a votação na Fiesp com o mesmo objetivo: evitar que uma eventual vitória da oposição influenciasse a votação no Ciesp.
O clima de confronto de ontem repetiu a tensão sentida nos últimos dias da campanha. Na sexta-feira, as eleições da Fiesp foram parar na delegacia. Integrantes da chapa de Skaf foram acusados de ter enviado por e-mail acusações a simpatizantes de Vaz.

Apoios
Vaz representa a situação. Seu maior avalista é Horacio Lafer Piva, atual presidente da Fiesp. Piva procurou estar presente em quase todos os compromissos da campanha de Vaz e atraiu apoios expressivos, como Antônio Ermírio de Moraes, Jorge Gerdau Johannpeter, José Mindlin, Ozires Silva, Arthur Quaresma e os ex-presidentes da Fiesp Mario Amato e Carlos Eduardo Moreira Ferreira.
Já o principal trunfo de Skaf é ter ao seu lado nomes mais próximos do governo Lula. A Folha apurou que ele chegou a ser parabenizado ontem pela vitória na Fiesp por membros do alto escalão governista. Seu maior patrocinador é seu primeiro vice-presidente, Benjamin Steinbruch, presidente da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e da Vicunha. Nos bastidores, Steinbruch foi quem articulou o apoio de nomes importantes, como o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), líder do governo no Senado, Josué Gomes da Silva (Coteminas), filho do vice José Alencar, Ivo Rosset, Flávio Rocha, Paulo Setubal e José Ometto. (MAELI PRADO)


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