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Disputa acirrada marca votação
DA REPORTAGEM LOCAL
De dez em dez minutos, os elevadores abriam as portas e blocos
de engravatados invadiam o hall
do 15º andar do prédio da Fiesp
na avenida Paulista, um dos locais
da eleição de ontem para a presidência da organização e do Ciesp.
A chegada do séquito do oposicionista Paulo Skaf ao local de votação, por volta das 9h30, foi cuidadosamente planejada para provocar impacto. O candidato reuniu cerca de 70 apoiadores em um
posto de gasolina próximo ao prédio da entidade, todos portando
placas e com braçadeiras de apoio
à Chapa 1. Antes, Skaf havia tomado café com empresários em
um hotel da cidade. Chegou ao
prédio da Fiesp no clima "já ganhou" de sua campanha.
"Otimista? O que você acha? Estou realista. Disse que tinha 70 votos e aqui estão eles", afirmava,
apontando para os empresários
que o cercavam (o placar final na
Fiesp foi de 70 para Skaf e 52 para
o situacionista Claudio Vaz).
Por volta das 10h30, os apoiadores de Skaf já anunciavam o resultado preliminar de uma "boca-de-urna" encomendada pelo candidato ao Ibope: 63 votos na eleição da Fiesp já seriam dele.
Um estilo completamente diferente adotou o candidato da situação, que tomou café com a família, em sua casa, chegou ao prédio com poucos correligionários e
se recusou a fazer previsões. "São
10h, a votação termina às 17h."
A discrição, no entanto, se limitou às declarações. Na calçada do
prédio na avenida Paulista, um
caminhão de som com a foto do
candidato tocava os últimos sucessos de axé. Exatamente ao lado, estava em ação uma banda levada por Skaf, com direito a trompete, tambores e dançarinas. "A
passeata dos bancários na Paulista foi ofuscada", brincou Vaz.
A despeito das brincadeiras, as
acusações que marcaram a eleição -a mais disputada e cara da
entidade (de R$ 15 milhões a R$
20 milhões, as duas campanhas
somadas)- não faltaram ontem.
Entre os correligionários de
Vaz, dizia-se que a estratégia de
Skaf era divulgar na mídia o resultado da "boca-de-urna" para influenciar as votações ao longo da
tarde para a presidência do Ciesp.
Isso porque a apuração da votação do Ciesp é muito mais demorada: são 7.500 empresas votantes
em diferentes cidades do Estado,
enquanto na Fiesp, são só 122 votantes, todos na Paulista.
O comentário do lado de Skaf
era que o grupo de Vaz estava segurando a votação na Fiesp com o
mesmo objetivo: evitar que uma
eventual vitória da oposição influenciasse a votação no Ciesp.
O clima de confronto de ontem
repetiu a tensão sentida nos últimos dias da campanha. Na sexta-feira, as eleições da Fiesp foram
parar na delegacia. Integrantes da
chapa de Skaf foram acusados de
ter enviado por e-mail acusações
a simpatizantes de Vaz.
Apoios
Vaz representa a situação. Seu
maior avalista é Horacio Lafer Piva, atual presidente da Fiesp. Piva
procurou estar presente em quase
todos os compromissos da campanha de Vaz e atraiu apoios expressivos, como Antônio Ermírio
de Moraes, Jorge Gerdau Johannpeter, José Mindlin, Ozires Silva,
Arthur Quaresma e os ex-presidentes da Fiesp Mario Amato e
Carlos Eduardo Moreira Ferreira.
Já o principal trunfo de Skaf é
ter ao seu lado nomes mais próximos do governo Lula. A Folha
apurou que ele chegou a ser parabenizado ontem pela vitória na
Fiesp por membros do alto escalão governista. Seu maior patrocinador é seu primeiro vice-presidente, Benjamin Steinbruch, presidente da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e da Vicunha. Nos bastidores, Steinbruch
foi quem articulou o apoio de nomes importantes, como o senador
Aloizio Mercadante (PT-SP), líder do governo no Senado, Josué
Gomes da Silva (Coteminas), filho
do vice José Alencar, Ivo Rosset,
Flávio Rocha, Paulo Setubal e José
Ometto.
(MAELI PRADO)
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