São Paulo, quinta-feira, 26 de agosto de 2004

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TRABALHO

Setor de serviços impulsiona o mercado em julho, com a criação de 73 mil novas vagas; renda também melhora

Desemprego em SP é o menor do governo Lula

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O desemprego caiu na região metropolitana de São Paulo pelo terceiro mês consecutivo e chegou em julho a 18,5% da PEA (População Economicamente Ativa). Em junho, a taxa foi 19,1%.
Esse foi o menor índice de desemprego medido pela Fundação Seade e pelo Dieese no governo Lula, segundo revela pesquisa mensal das duas instituições.
Em janeiro de 2003, primeiro mês do PT na Presidência, o desemprego foi de 18,6%. Durante os 18 meses de governo, a taxa chegou a atingir níveis recordes. A partir de maio, começou a cair.
A redução do desemprego no mês passado ocorreu porque o número de vagas criadas foi maior do que o de postos de trabalho fechados -o saldo foi positivo em 32 mil ocupações- e devido à saída de 34 mil pessoas do mercado de trabalho. Com isso, estima-se que o número de desempregados na Grande São Paulo seja de 1,845 milhão.
"A recuperação da atividade econômica permitiu a geração de mais empregos. Só no período de abril a julho foram criadas 420 mil novas vagas", diz Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Dieese. "A maior oferta de crédito e a melhora na renda contribuíram para o aumento do consumo e, como conseqüência, as empresas criaram mais vagas."
No primeiro trimestre deste ano a situação foi inversa: 203 mil vagas haviam sido fechadas na Grande São Paulo.
A saída de pessoas do mercado de trabalho pode ser explicada, na avaliação dos técnicos, pelo fato de julho ser um período de férias e pela melhora do emprego para chefes de família -principalmente na faixa acima de 40 anos.
"Nesse caso, mulheres e filhos adolescentes deixam de ir atrás de emprego para completar a renda da família", diz Alexandre Loloian, coordenador da pesquisa na Fundação Seade.
O desempenho positivo do emprego em julho foi puxado pelo setor de serviços -foram 73 mil vagas criadas, sendo 42 mil sem carteira assinada. Os segmentos com melhor resultado são os de serviços especializados e de apoio às empresas -serviços auxiliares, transportes e os de crédito.
"O emprego cresce, mas a geração de vagas sem proteção social [sem carteira assinada] ainda é maior", diz o diretor do Dieese.
Na indústria, houve o fechamento de mil vagas, resultado considerado estável pelos técnicos da pesquisa. A maior queda no nível de ocupação ocorreu na indústria de alimentação e nas empresas de vestuário e do ramo têxtil. "A diminuição é maior nas atividades que justamente mais dependem de recuperação da renda", afirma Loloian.

Queda deve prosseguir
O comércio foi o setor que mais fechou postos de trabalho -foram 35 mil vagas eliminadas em julho. Construção civil e serviços domésticos (incluídos em outros setores) fecharam 5.000 postos.
"Tanto a indústria como o comércio já haviam antecipado para maio e junho as contratações. De abril a junho, o setor industrial criou 136 mil vagas", afirma Ganz Lúcio. "Agora, houve uma parada técnica. As empresas estão avaliando se devem ou não manter o ritmo de contratações."
A pesquisa também mostra que houve acréscimo de horas extras no setor em que não foi registrada a criação de vagas -caso da indústria. A proporção de trabalhadores com jornada acima de 44 horas semanais (permitida pela legislação) passou de 39,6% para 40,5% na indústria. Já no setor de serviços, responsável pela abertura de 73 mil novas vagas, a proporção de quem faz hora extra diminuiu -foi de 38,9% em junho para 35,1% em julho.
O desemprego deve se manter em queda nos próximos meses se a economia mantiver o ritmo de crescimento, avaliam os técnicos das duas instituições. "Mas para o emprego crescer é necessário que os investimentos, que estão em um patamar muito baixo, aumentem", afirma Loloian.

Rendimento
O levantamento também mostra melhora pelo segundo mês consecutivo no rendimento dos trabalhadores ocupados -passou a valer R$ 999 em junho. Em maio, havia sido de R$ 986.
Na indústria, o aumento foi de 5,1% -o rendimento passou de R$ 1.140 em maio para R$ 1.198 em junho. O pior resultado foi no comércio. O rendimento do trabalhador caiu 2,1% -equivalia a R$ 742 em maio e passou a valer R$ 726 em junho.
"A queda na inflação e a melhora nas negociações salariais das categorias profissionais com data-base no primeiro semestre já traz reflexo na renda do trabalhador", diz Ganz Lúcio.
A massa de rendimentos (soma de todos os salários) cresceu 2,7% entre maio e junho deste ano. Na comparação com junho de 2003, o crescimento foi de 7,1% para os ocupados e de 8,1% no caso dos trabalhadores assalariados. "Essa elevação é reflexo do aumento do emprego e da melhora nos salários", diz Loloian.


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