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TRABALHO
Setor de serviços impulsiona o mercado em julho, com a criação de 73 mil novas vagas; renda também melhora
Desemprego em SP é o menor do governo Lula
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O desemprego caiu na região
metropolitana de São Paulo pelo
terceiro mês consecutivo e chegou em julho a 18,5% da PEA (População Economicamente Ativa).
Em junho, a taxa foi 19,1%.
Esse foi o menor índice de desemprego medido pela Fundação
Seade e pelo Dieese no governo
Lula, segundo revela pesquisa
mensal das duas instituições.
Em janeiro de 2003, primeiro
mês do PT na Presidência, o desemprego foi de 18,6%. Durante
os 18 meses de governo, a taxa
chegou a atingir níveis recordes.
A partir de maio, começou a cair.
A redução do desemprego no
mês passado ocorreu porque o
número de vagas criadas foi
maior do que o de postos de trabalho fechados -o saldo foi positivo em 32 mil ocupações- e devido à saída de 34 mil pessoas do
mercado de trabalho. Com isso,
estima-se que o número de desempregados na Grande São Paulo seja de 1,845 milhão.
"A recuperação da atividade
econômica permitiu a geração de
mais empregos. Só no período de
abril a julho foram criadas 420 mil
novas vagas", diz Clemente Ganz
Lúcio, diretor técnico do Dieese.
"A maior oferta de crédito e a melhora na renda contribuíram para
o aumento do consumo e, como
conseqüência, as empresas criaram mais vagas."
No primeiro trimestre deste ano
a situação foi inversa: 203 mil vagas haviam sido fechadas na
Grande São Paulo.
A saída de pessoas do mercado
de trabalho pode ser explicada, na
avaliação dos técnicos, pelo fato
de julho ser um período de férias e
pela melhora do emprego para
chefes de família -principalmente na faixa acima de 40 anos.
"Nesse caso, mulheres e filhos
adolescentes deixam de ir atrás de
emprego para completar a renda
da família", diz Alexandre Loloian, coordenador da pesquisa
na Fundação Seade.
O desempenho positivo do emprego em julho foi puxado pelo
setor de serviços -foram 73 mil
vagas criadas, sendo 42 mil sem
carteira assinada. Os segmentos
com melhor resultado são os de
serviços especializados e de apoio
às empresas -serviços auxiliares,
transportes e os de crédito.
"O emprego cresce, mas a geração de vagas sem proteção social
[sem carteira assinada] ainda é
maior", diz o diretor do Dieese.
Na indústria, houve o fechamento de mil vagas, resultado
considerado estável pelos técnicos da pesquisa. A maior queda
no nível de ocupação ocorreu na
indústria de alimentação e nas
empresas de vestuário e do ramo
têxtil. "A diminuição é maior nas
atividades que justamente mais
dependem de recuperação da
renda", afirma Loloian.
Queda deve prosseguir
O comércio foi o setor que mais
fechou postos de trabalho -foram 35 mil vagas eliminadas em
julho. Construção civil e serviços
domésticos (incluídos em outros
setores) fecharam 5.000 postos.
"Tanto a indústria como o comércio já haviam antecipado para
maio e junho as contratações. De
abril a junho, o setor industrial
criou 136 mil vagas", afirma Ganz
Lúcio. "Agora, houve uma parada
técnica. As empresas estão avaliando se devem ou não manter o
ritmo de contratações."
A pesquisa também mostra que
houve acréscimo de horas extras
no setor em que não foi registrada
a criação de vagas -caso da indústria. A proporção de trabalhadores com jornada acima de 44
horas semanais (permitida pela
legislação) passou de 39,6% para
40,5% na indústria. Já no setor de
serviços, responsável pela abertura de 73 mil novas vagas, a proporção de quem faz hora extra diminuiu -foi de 38,9% em junho
para 35,1% em julho.
O desemprego deve se manter
em queda nos próximos meses se
a economia mantiver o ritmo de
crescimento, avaliam os técnicos
das duas instituições. "Mas para o
emprego crescer é necessário que
os investimentos, que estão em
um patamar muito baixo, aumentem", afirma Loloian.
Rendimento
O levantamento também mostra melhora pelo segundo mês
consecutivo no rendimento dos
trabalhadores ocupados -passou a valer R$ 999 em junho. Em
maio, havia sido de R$ 986.
Na indústria, o aumento foi de
5,1% -o rendimento passou de
R$ 1.140 em maio para R$ 1.198
em junho. O pior resultado foi no
comércio. O rendimento do trabalhador caiu 2,1% -equivalia a
R$ 742 em maio e passou a valer
R$ 726 em junho.
"A queda na inflação e a melhora nas negociações salariais das
categorias profissionais com data-base no primeiro semestre já
traz reflexo na renda do trabalhador", diz Ganz Lúcio.
A massa de rendimentos (soma
de todos os salários) cresceu 2,7%
entre maio e junho deste ano. Na
comparação com junho de 2003,
o crescimento foi de 7,1% para os
ocupados e de 8,1% no caso dos
trabalhadores assalariados. "Essa
elevação é reflexo do aumento do
emprego e da melhora nos salários", diz Loloian.
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