São Paulo, quinta-feira, 26 de agosto de 2004

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CONCORRÊNCIA

Conselho vê crime contra ordem econômica em contrato de exclusividade para fornecimento de produtos ao governo

Cade condena Microsoft e distribuidora no DF

ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Microsoft e sua distribuidora no Distrito Federal para contratos com o poder público, a TBA, foram condenadas ontem pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), em decisão unânime, a pagar multa por crime contra a ordem econômica.
A multa da Microsoft foi estabelecida em 10% do seu faturamento de 1997 com a venda de produtos para o governo federal. A TBA, por sua vez, terá de pagar multa de 7% sobre o total de suas vendas, em 1997, para o governo.
As empresas terão de publicar no jornal de maior circulação do país, durante quatro dias, um extrato da decisão do Cade. Se não publicarem, estão sujeitas a multas diárias de R$ 6.000 a R$ 30 mil.
O relator do processo, conselheiro Roberto Pfeiffer, afirmou que o contrato de exclusividade da TBA com a Microsoft para a distribuição de produtos e serviços para órgãos públicos impediu a concorrência. Segundo ele, o contrato evitou que o poder público fizesse licitações para comprar produtos da Microsoft, pois existia apenas um distribuidor.
No seu parecer, Pfeiffer afirma que a Lei de Concorrência não obriga o Cade a condenar empresas apenas quando práticas anticompetitivas resultam em preços abusivos. Segundo ele, basta ficar comprovada a existência de modelos de negócio que impeçam a concorrência.
As duas empresas condenadas tentaram fechar um TCC (Termo de Cessação de Conduta) com o Cade. O TCC é uma confissão de culpa, na qual a empresa se compromete a seguir determinados critérios de concorrência e, em contrapartida, fica livre de punições. Para o Cade, não era do interesse público aceitar esse acordo.

TBA vai recorrer
O presidente da TBA, Fernando Rodrigues, afirmou que vai recorrer da decisão do Cade de multar sua empresa em 7% do faturamento de 1997 em vendas para o governo federal.
"Vamos recorrer", afirmou ele. O advogado da Microsoft, Ubiratan Mattos, não quis comentar a decisão, após o julgamento.
Segundo Rodrigues, a TBA faturou no ano passado cerca de R$ 100 milhões. Desse total, 20% foram em contratos com o Estado. Ele disse não saber qual era o faturamento da empresa em 1997.


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