São Paulo, sábado, 26 de agosto de 2006

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Wal-Mart permite comitê comunista em loja na China

France Presse
Funcionários da rede Wal-Mart em Pequim praticam exercícios


Rede já havia autorizado que funcionários de unidades no país se sindicalizassem

Permissão para comitê do PC revela interesses de empresas multinacionais na economia asiática e em seu mercado consumidor


RICHARD McGREGOR
DO "FINANCIAL TIMES", EM PEQUIM

A cadeia de varejo norte-americana Wal-Mart, em geral considerada símbolo do capitalismo irrestrito, decidiu permitir o estabelecimento de um comitê do Partido Comunista em uma de suas lojas na China. A notícia surge semanas depois que o maior grupo de varejo do mundo aceitou a sindicalização de seus funcionários nas unidades chinesas, algo que a empresa não admite nos Estados Unidos. O comitê do partido foi estabelecido na loja do Wal-Mart em Shenyang, no nordeste da China. A agência oficial de notícias chinesa, "Xinhua", informou que o comitê havia sido formado no dia 12. Não foram localizados representantes do Wal-Mart para comentar o assunto. A "Xinhua" informou que o comitê permitiria que "os funcionários da loja Wal-Mart tivessem acesso aos quadros do Partido Comunista Chinês".

Simbólico
O estabelecimento do comitê do partido é, em larga medida, simbólico, e não deve exercer muito, se é que vai ter algum, impacto sobre as operações cotidianas da loja. No entanto, como ocorre com comitês semelhantes do partido instalados em empresas privadas locais e em unidades de multinacionais, a decisão destaca a convergência de interesses entre as empresas privadas e os dirigentes do Partido Comunista Chinês. As empresas só se qualificam para a formação de um comitê caso pelo menos três funcionários já sejam membros do partido. Relativamente poucas unidades chinesas de multinacionais têm comitês, no entanto. Comitês do partido são compulsórios em empresas estatais, mas, nesse caso, seu papel é diferente. Alguns deles orientam campanhas de educação política, enquanto outros se limitam a questões relacionadas aos recursos humanos. O partido vem pressionando há anos para ampliar seu alcance e atingir as empresas privadas, a parte mais dinâmica da economia, entretanto não tem obtido muito sucesso. O Wal-Mart tem cerca de 60 lojas na China e planeja abrir muitas mais. Lee Scott, presidente-executivo do grupo, disse que a China é o único país no qual a rede poderia replicar a escala e o sucesso de que desfruta nos Estados Unidos.
Tradução de PAULO MIGLIACCI

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