São Paulo, domingo, 26 de agosto de 2007

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Turbulência persistirá, diz setor financeiro

Para executivos, crise nos mercados não acabou e já ameaça afetar crescimento do país, aponta pesquisa do Datafolha

Entre os participantes de congresso em SP ouvidos pelo instituto, 90% esperam agora que BC corte os juros em 0,25 ponto percentual

DA REPORTAGEM LOCAL

A maioria entre a "elite financeira" no Brasil acredita que a recente turbulência no mercado financeiro ainda não chegou ao fim. Uma parcela significativa também aposta que a crise afetará o crescimento da economia brasileira em 2007.
A esmagadora maioria (89%) afirma estar "muito preocupada" (26%) ou "um pouco preocupada" (63%) com a atual crise no segmento imobiliário americano, estopim da turbulência no mercado financeiro.
Segundo pesquisa Datafolha realizada entre os dias 23 e 24 deste mês entre executivos da área de finanças em congresso da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) em Campos do Jordão (167 km de São Paulo), 52% dos entrevistados acham que a turbulência ainda não chegou ao fim, e 44% acreditam que o crescimento do país neste ano já está prejudicado.
Foram entrevistadas 270 pessoas de um total de 846 participantes no evento. Entre os que responderam aos questionamentos, 46% ocupam cargos de direção ou gerência em instituições financeiras. A margem de erro do levantamento é de cinco pontos percentuais, para mais ou para menos.
Como resposta do Banco Central à turbulência, 90% dos entrevistados apostam que a autoridade monetária cortará a taxa de juros na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) em 0,25 ponto percentual, interrompendo a seqüência de reduções de 0,5 ponto. Só 6% acreditam em corte de 0,5 ponto percentual no dia 5 de setembro.
No geral, 61% dos entrevistados afirmam que o BC deveria diminuir os juros no próximo encontro do Copom. Apenas 36% acham que a taxa básica deveria ser mantida.
"O Copom pode, sim, interromper os cortes nos juros por conta da crise e das incertezas no mercado. E já a partir de setembro", afirma Marcos Amaral, diretor de mesa da BM&F do banco Fator.

Negócios parados
Entre os participantes do encontro da BM&F, também houve divergência de opiniões sobre a extensão da crise.
"Estou muito preocupado. Não porque será um desastre na economia internacional, muito menos na brasileira. O que preocupa é que os negócios estão todos parados. Ninguém toma nenhuma decisão até [o mercado] encontrar um novo equilíbrio", diz José João Lannes, sócio da consultoria Lannes & Hoffmann.
Para Mauro Mello, diretor da consultoria MacroAnálise, que opera no Brasil e em Angola, a "crise não preocupa nem um pouco". "Claro que você tem uma retração. Mas as pessoas já estão retomando os negócios."
Na opinião de Marianna de Oliveira Costa, economista da corretora de derivativos Link Investimentos, "não há evidência de que a economia tenha sido afetada, apesar de indicadores de confiança mostrarem algum desconforto".
Em relação ao dólar, 81% dos entrevistados na pesquisa acreditam que a moeda norte-americana fechará o ano ainda valendo R$ 2,00 ou menos.


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