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Turbulência persistirá, diz setor financeiro
Para executivos, crise nos mercados não acabou e já ameaça afetar crescimento do país, aponta pesquisa do Datafolha
Entre os participantes de congresso em SP ouvidos pelo instituto, 90% esperam agora que BC corte os juros em 0,25 ponto percentual
DA REPORTAGEM LOCAL
A maioria entre a "elite financeira" no Brasil acredita
que a recente turbulência no
mercado financeiro ainda não
chegou ao fim. Uma parcela significativa também aposta que a
crise afetará o crescimento da
economia brasileira em 2007.
A esmagadora maioria (89%)
afirma estar "muito preocupada" (26%) ou "um pouco preocupada" (63%) com a atual crise no segmento imobiliário
americano, estopim da turbulência no mercado financeiro.
Segundo pesquisa Datafolha
realizada entre os dias 23 e 24
deste mês entre executivos da
área de finanças em congresso
da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) em Campos do
Jordão (167 km de São Paulo),
52% dos entrevistados acham
que a turbulência ainda não
chegou ao fim, e 44% acreditam
que o crescimento do país neste
ano já está prejudicado.
Foram entrevistadas 270
pessoas de um total de 846 participantes no evento. Entre os
que responderam aos questionamentos, 46% ocupam cargos
de direção ou gerência em instituições financeiras. A margem de erro do levantamento é
de cinco pontos percentuais,
para mais ou para menos.
Como resposta do Banco
Central à turbulência, 90% dos
entrevistados apostam que a
autoridade monetária cortará a
taxa de juros na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) em 0,25 ponto percentual, interrompendo a
seqüência de reduções de 0,5
ponto. Só 6% acreditam em
corte de 0,5 ponto percentual
no dia 5 de setembro.
No geral, 61% dos entrevistados afirmam que o BC deveria
diminuir os juros no próximo
encontro do Copom. Apenas
36% acham que a taxa básica
deveria ser mantida.
"O Copom pode, sim, interromper os cortes nos juros por
conta da crise e das incertezas
no mercado. E já a partir de setembro", afirma Marcos Amaral, diretor de mesa da BM&F
do banco Fator.
Negócios parados
Entre os participantes do encontro da BM&F, também houve divergência de opiniões sobre a extensão da crise.
"Estou muito preocupado.
Não porque será um desastre
na economia internacional,
muito menos na brasileira. O
que preocupa é que os negócios
estão todos parados. Ninguém
toma nenhuma decisão até [o
mercado] encontrar um novo
equilíbrio", diz José João Lannes, sócio da consultoria Lannes & Hoffmann.
Para Mauro Mello, diretor da
consultoria MacroAnálise, que
opera no Brasil e em Angola, a
"crise não preocupa nem um
pouco". "Claro que você tem
uma retração. Mas as pessoas já
estão retomando os negócios."
Na opinião de Marianna de
Oliveira Costa, economista da
corretora de derivativos Link
Investimentos, "não há evidência de que a economia tenha sido afetada, apesar de indicadores de confiança mostrarem algum desconforto".
Em relação ao dólar, 81% dos
entrevistados na pesquisa acreditam que a moeda norte-americana fechará o ano ainda valendo R$ 2,00 ou menos.
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