São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

ABN teme crise do crédito em financiamento de veículos

A Aymoré, financeira do ABN-Amro, implementa um projeto que pretende servir de escudo caso o avanço dos financiamentos de automóveis se torne desenfreado e provoque uma crise como a do "subprime", deflagrada pelas hipotecas de imóveis nos EUA.
O risco só existe se a economia brasileira crescer mais de 5%, mas, na dúvida, a Aymoré decidiu se antecipar. O motivo foi um relatório preparado pela consultoria ATKearney, que circula entre banqueiros há cerca de dois meses, e que aponta riscos do modelo de financiamento de automóveis.
O estudo afirma que há semelhanças entre o esquema das hipotecas americanas ("subprime") que causaram a crise financeira atual e o sistema de crédito das financeiras de automóveis brasileiras.
O texto indica que, em prazos muito longos, a amortização da dívida não coincide com a depreciação dos veículos, algo muito parecido com o que ocorreu com as casas hipotecadas nos EUA e que foram concedidas como garantias ao mercado, após terem perdido seu valor rapidamente.
Ainda segundo a ATKearney, um ano após a compra, um veículo retém, em média, 78% de seu valor original. Com essa depreciação, ainda seria preciso amortizar 89% do valor de um financiamento de 60 meses. Ou seja, um empréstimo automotivo já é simplesmente a dívida, sem suas garantias reais.
É por isso que a Aymoré está tentando mudar o esquema vigente no mercado.
A partir de agora, ela quer recompensar seus agentes e lojistas pelo desempenho de sua carteira de financiamentos. Hoje, eles recebem comissões por contratos, independentemente do resultado.
Pelo novo modelo, as carteiras que perdurarem por mais tempo com boa taxa de retorno serão mais recompensadas. Esta seria uma forma de garantir a "saúde financeira" do sistema de crédito, evitando, por exemplo, que os carros sejam trocados por outros antes do pagamento do financiamento.

EM CIMA DA HORA

Preocupados com o fato de que grande quantidade de relógios suíços são, na verdade, feitos fora da Suíça, marcas como Swatch Group e Rolex querem apertar as regras para denominar um verdadeiro Swiss-made, segundo o "Wall Street Journal". A idéia é aumentar a exigência de peças suíças. "Hoje é legal vender relógio como se fosse suíço com poucas peças suíças", diz Nick Hayek, do Swatch Group. "É como colocar bancos suíços em um carro produzido em outro lugar e vendê-lo como suíço."

PORTÁTIL
A Itautec cresceu 283% em vendas de notebooks no primeiro semestre ante igual período de 2007. Segundo levantamento da consultoria IT Data, o mercado brasileiro de notebooks cresceu 173% no semestre, com venda acumulada de 1.188.100 unidades.

GALPÃO
A Tishman Speyer, que atua no ramo imobiliário, vai começar a focar na área industrial. A empresa comprou terreno de 300 mil m2 em Sorocaba (SP) e investirá cerca de R$ 120 milhões para desenvolver um condomínio logístico com galpões e armazéns no local.

SALA DE AULA
Os institutos Camargo Corrêa e Alpargatas, a partir do dia 30, começam um projeto de reforma de 375 escolas. No primeiro final de semana, três escolas serão reformadas na Paraíba. A ação, que integra o Programa Escola Ideal, deve beneficiar 100 mil alunos. O mutirão terá apoio das comunidades, poder público e funcionários da Alpargatas.

SEGURADO
Após investir US$ 12 milhões para se tornar resseguradora admitida no Brasil, a Swiss Re está com o seu quadro de funcionários completo, com 25 pessoas. A meta é atingir a liderança localmente em até cinco anos. O "market share" esperado é de 10% a 15%, apostando em contratos de riscos patrimoniais, engenharia, da área agrícola, transportes, vida e crédito e garantia. Em estudo sobre a indústria de seguros no mundo, a Swiss Re indicou que o Brasil liderou o crescimento da América Latina no volume de seguros de vida em 2007 e gerou prêmios de US$ 18 bilhões, alta de 15,5% em relação a 2006.

BILATERAL
John Hutton, ministro de Estado britânico para Negócios, Empreendimentos e Reforma Regulatória, desembarca no Brasil na próxima semana. Hutton se encontrará com Miguel Jorge (Desenvolvimento) e empresários brasileiros e britânicos. A ênfase da visita está na energia, mas outras áreas também serão contempladas, como oportunidades de colaboração bilateral que surgirão com os eventos esportivos como Olimpíada de 2012 em Londres, Copa de 2014 no Brasil, etc.

Cade deve ampliar acordos sobre casos de cartel, afirma Reale

O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) deve ampliar os acordos nas esferas criminal e administrativa com as empresas acusadas de prática de cartel. Essa é a tese de Eduardo Reale, especializado em direito penal e professor da Universidade de São Paulo.
Segundo o advogado, um processo administrativo pode se arrastar por até dez anos. "Sou favorável à ampla mediação do conflito." Para o especialista, a tendência é que os acordos sejam ampliados, mas ainda há restrições. Quando o cartel é denunciado por uma das partes envolvidas, por exemplo, o acordo não pode ser feito.
Reale discute, na quinta, em seminário no IBCCRIM (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais), as precauções que as empresas devem tomar para evitar a acusação -entre elas, a criação de um código de conduta e de um comitê de ética.
Atualmente, a SDE (Secretaria de Direito Econômico), ligada ao Ministério da Justiça, investiga cerca de 300 suspeitas de cartel. Os processos administrativos enviados ao Cade pelo Departamento de Proteção e Defesa Econômica, do Ministério da Justiça, passaram de oito em 2006 para 34 em 2007 -30% das ações investigam a prática de cartel.

LEITURA

EDITORAS BRASILEIRAS VÃO À CHINA PARA INCENTIVAR EXPORTAÇÃO
Seis editoras brasileiras embarcam na quinta para a China em missão comercial. A iniciativa é parte do convênio entre a Câmara Brasileira do Livro e a Apex-Brasil para incentivar as exportações de livros brasileiros, especialmente com a venda de direitos autorais. Estão na missão Unesp, Nobel, Callis, Cortez, Canção Nova e Yendis. As brasileiras visitarão a Feira do Livro de Pequim. Segundo levantamento da CBL com a Copyright Agency of China, o maior interesse dos editores locais é por livros de auto-ajuda, infantis, livros sobre animais e geografia.

com JOANA CUNHA, VERENA FORNETTI e JULIO WIZIACK



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