São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2008

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Outro lado

Para tenente, polícia tentou o diálogo antes

DA ENVIADA ESPECIAL A PONTAL

O tenente da PM de Pontal, Eduardo Martins Ribeiro, que comandou ontem as operações em Pontal que resultaram em três cortadores de cana presos e seis feridos, afirmou que os policiais estavam na cidade para cumprir a decisão da Justiça do Trabalho de Sertãozinho, que obriga a Feraesp a deixar os bóias-frias que não aderiram à greve saírem para o corte da cana, sob pena de multa de R$ 50 mil.
"A polícia se utiliza primeiro do diálogo, depois dos meios não-letais dos quais dispomos e, se preciso, de outros meios legais para evitar o dano do patrimônio público e privado", disse.
A decisão, assinada pelo juiz Renê Jean Marchi, foi provocada por uma ação de interdito proibitório proposta pelas usinas Bela Vista e Bazan, ambas de Pontal. A sentença foi dada na última sexta-feira. Segundo o capitão Luiz Fernandes da Costa, que comandou a operação no distrito de Cruz das Posses, em Sertãozinho, a Justiça do Trabalho também concedeu decisão semelhante à usina Albertina.
O advogado Paulo César Paschoal, assessor jurídico da diretoria do Grupo Bazan, ao qual pertencem as usinas Bazan e Bela Vista, informou que o prejuízo gerado às empresas pela paralisação soma R$ 4 milhões.
Segundo Paschoal, as usinas já prevêem atraso para esta safra, já que a moagem da cana-de-açúcar foi diminuída em 26% nos seis dias de greve. "Essa liminar veio reforçar um preceito constitucional que é o direito de ir e vir. A polícia só fez cumprir isso", disse Paschoal.
Segundo Ribeiro, tenente em Pontal, cerca de 60 ônibus, transportando mais ou menos 30 trabalhadores, foram escoltados pelos policiais em direção aos canaviais ontem. O advogado do grupo Bazan informou que as usinas só reconhecem como parte legítima para negociações o Sindicato Rural de Pontal, com o qual firmaram os acordos salariais para esta safra, que vigoram até 2009.
A vice-presidente do sindicato, Maria de Fátima Guimarães, 50, ex-cortadora de cana, informou que discorda do modo como a greve está sendo conduzida e disse que nenhum dos manifestantes procurou a entidade, antes da invasão de ontem.


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