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POLÍTICA MONETÁRIA
Estimativa considera dólar a R$ 3,20 e consta na ata da reunião do Copom que manteve juros em 18%
BC prevê aumento de 4% para a gasolina
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O preço da gasolina deverá subir 4% para o consumidor até o final do ano, segundo projeção feita pelo Banco Central. A alta do dólar e o aumento do preço do petróleo no mercado internacional são apontados como os motivos
para o reajuste.
A estimativa consta na ata da última reunião do Copom (Comitê
de Política Monetária do BC),
que, na semana passada, manteve
os juros básicos da economia em
18% ao ano. No documento, divulgado ontem, são mostradas as
razões que levaram à manutenção
da taxa e retirada do viés (tendência) de baixa dos juros.
No total, o conjunto de preços
administrados e monitorados
-que inclui combustíveis e tarifas públicas- deve subir 9,3%
neste ano, o que contribui para
um aumento de 2,9 pontos percentuais no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
No mês passado, o Banco Central esperava que, no acumulado
do ano, o preço da gasolina fosse
recuar 0,8%. Agora, já aponta um
aumento de 3,3%. "Essa revisão é
resultado do repasse do aumento
do preço internacional do petróleo e do novo patamar de câmbio", diz o documento.
Monopólio
Até 2001, a Petrobras possuía o
monopólio no mercado de petróleo no país. Em compensação, a
estatal recebia subsídios do governo, por meio de um instrumento
conhecido por conta-petróleo,
para que não promovesse fortes
reajustes nos preços dos combustíveis. A diferença entre o preço
externo e o da estatal ia para a
conta. Se o preço da Petrobras
fosse menor do que o internacional, o Tesouro tinha de bancar a
diferença. Caso ocorresse o inverso, o ônus ficava com a estatal.
Desde o início do ano, foram
promovidas duas mudanças nesse sistema. Uma delas foi a quebra
do monopólio da Petrobras, com
a permissão dada para que outras
empresas explorassem o mercado
de petróleo no Brasil.
Além disso, os subsídios dados
à estatal foram cancelados, e decidiu-se que os preços seriam fixados com base na concorrência entre as empresas, de acordo com a
variação do câmbio e da cotação
do petróleo no mercado externo.
Num primeiro momento, a mudança levou a uma queda de
aproximadamente 15% no preço
da gasolina. Nos últimos meses,
porém, a alta do dólar provocou
vários reajustes. Desde que a cotação da moeda ultrapassou a casa
dos R$ 3, não houve aumento.
Guerra
A situação se agravou com a
possibilidade de uma guerra dos
Estados Unidos contra o Iraque, o
que tem provocado um forte aumento na cotação do petróleo.
Nas contas do Banco Central, a
manutenção do dólar na casa de
R$ 3,20 levaria a um reajuste de
aproximadamente 4% no preço
da gasolina. O BC não diz quando
exatamente esse reajuste deve
ocorrer e utiliza essa projeção
apenas para estimar qual seria a
inflação deste ano.
O fato de o dólar ter chegado
perto de R$ 3,80 nesta semana
não significa necessariamente
que o reajuste necessário seja superior aos 4% previstos pelo BC.
Ao calcular o tamanho do reajuste, a Petrobras utiliza a cotação
média do dólar de determinado
período, o que ameniza o efeito de
altas mais acentuadas como a de
anteontem.
No último dia 20, por exemplo,
o dólar já havia chegado a R$ 3,43,
mas a cotação média do mês, até
aquele dia, estava em R$ 3,18, segundo o BC. Ontem o dólar fechou cotado a R$ 3,663.
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