|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Na contramão do mercado, Mantega vê retomada do PIB
Ministro afirma que a economia crescerá entre 1,2% e 1,4% no 3º trimestre
Ele cita geração de emprego, queda nos juros e massa salarial maior para justificar otimismo e volta a negar fator político no mercado
KAREN CAMACHO
DA FOLHA ONLINE
Na contramão do mercado financeiro, que tem baixado suas
expectativas para o crescimento da economia brasileira, o ministro Guido Mantega (Fazenda) divulgou ontem previsões
bastante otimistas para o PIB
(Produto Interno Bruto).
Após reunião com o Simpi
(Sindicato da Micro e Pequena
Indústria), em São Paulo, o ministro disse que o PIB vai crescer entre 1,2% e 1,4% no terceiro trimestre deste ano em relação aos três meses anteriores,
após uma alta de apenas 0,5%
no segundo trimestre.
Para Mantega, em todos os
anos há um "trimestre ovelha
negra", mas isso não vai impedir que a economia brasileira
cresça 4% neste ano. "Acabamos de enviar um relatório ao
Congresso que reduz a previsão
de crescimento de 4,5% para
4%, assim como já tínhamos dito. Ou seja, reconhecemos que
4,5% não será possível, mas
mantemos os 4%", disse.
Os analistas de mercado, entretanto, reduziram ontem a
previsão de crescimento de
3,11% para 3,09%, segundo o
boletim Focus divulgado semanalmente pelo Banco Central.
Há quatro semanas, previa
3,50% (leia texto ao lado).
As sucessivas revisões foram
feitas após a divulgação do PIB
fraco no segundo trimestre e
também de uma série de indicadores que mostram que a
economia quase não se recuperou em julho e agosto.
Para 2007, Mantega prevê
crescimento acima de 5%.
Para o ministro, já existem
motivos para acreditar em aumento no terceiro trimestre.
Entre eles, Mantega citou a geração de 226 mil empregos em
agosto, a queda dos juros, o aumento da massa salarial acima
de 5%, o crescimento do comércio varejista no primeiro
semestre de mais de 5% e a desoneração de tributos em algumas áreas, como o setor da
construção civil.
Sobre o tema debatido na
reunião com o Simpi, Mantega
disse que o objetivo é permitir
que micro e pequenas empresas sejam abertas em 24 horas e
que atualmente, em alguns Estados, como São Paulo, o processo dura entre três e 15 dias.
Dossiê
Assim como na última sexta-feira, o ministro voltou a desvincular a tensão no mercado
financeiro verificada recentemente da denúncia de compra
de dossiê contra tucanos por
petistas.
"A economia brasileira ganhou solidez e se tornou imune
a certos conflitos políticos",
disse o ministro.
Ele afirmou que a economia
já mostrou que não é mais suscetível a crises políticas durante 2005 -quando ocorreu o escândalo do mensalão- e lembrou que houve forte oscilação
nos mercados emergentes na
semana passada devido à desaceleração da economia americana.
Na semana passada, a Bovespa caiu quase 4%, e o risco-país
subiu mais de 14%. Mantega
disse que, na última quinta-feira, no "epicentro da crise do
dossiê", o risco-país Brasil subiu 7,02 pontos percentuais
e,os demais países emergentes
avançaram, em média, 7,04
pontos percentuais. "Dizer que
foi por causa do dossiê é bobagem", minimizou. Para ele, os
anos eleitorais são "nervosos
por definição" e, após a eleição,
"o acirramento político é desativado".
Texto Anterior: Benjamin Steinbruch: Interesses da pátria Próximo Texto: Frase Índice
|