São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 2006

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Na contramão do mercado, Mantega vê retomada do PIB

Ministro afirma que a economia crescerá entre 1,2% e 1,4% no 3º trimestre

Ele cita geração de emprego, queda nos juros e massa salarial maior para justificar otimismo e volta a negar fator político no mercado

KAREN CAMACHO
DA FOLHA ONLINE

Na contramão do mercado financeiro, que tem baixado suas expectativas para o crescimento da economia brasileira, o ministro Guido Mantega (Fazenda) divulgou ontem previsões bastante otimistas para o PIB (Produto Interno Bruto).
Após reunião com o Simpi (Sindicato da Micro e Pequena Indústria), em São Paulo, o ministro disse que o PIB vai crescer entre 1,2% e 1,4% no terceiro trimestre deste ano em relação aos três meses anteriores, após uma alta de apenas 0,5% no segundo trimestre.
Para Mantega, em todos os anos há um "trimestre ovelha negra", mas isso não vai impedir que a economia brasileira cresça 4% neste ano. "Acabamos de enviar um relatório ao Congresso que reduz a previsão de crescimento de 4,5% para 4%, assim como já tínhamos dito. Ou seja, reconhecemos que 4,5% não será possível, mas mantemos os 4%", disse.
Os analistas de mercado, entretanto, reduziram ontem a previsão de crescimento de 3,11% para 3,09%, segundo o boletim Focus divulgado semanalmente pelo Banco Central. Há quatro semanas, previa 3,50% (leia texto ao lado).
As sucessivas revisões foram feitas após a divulgação do PIB fraco no segundo trimestre e também de uma série de indicadores que mostram que a economia quase não se recuperou em julho e agosto.
Para 2007, Mantega prevê crescimento acima de 5%.
Para o ministro, já existem motivos para acreditar em aumento no terceiro trimestre. Entre eles, Mantega citou a geração de 226 mil empregos em agosto, a queda dos juros, o aumento da massa salarial acima de 5%, o crescimento do comércio varejista no primeiro semestre de mais de 5% e a desoneração de tributos em algumas áreas, como o setor da construção civil.
Sobre o tema debatido na reunião com o Simpi, Mantega disse que o objetivo é permitir que micro e pequenas empresas sejam abertas em 24 horas e que atualmente, em alguns Estados, como São Paulo, o processo dura entre três e 15 dias.

Dossiê
Assim como na última sexta-feira, o ministro voltou a desvincular a tensão no mercado financeiro verificada recentemente da denúncia de compra de dossiê contra tucanos por petistas.
"A economia brasileira ganhou solidez e se tornou imune a certos conflitos políticos", disse o ministro.
Ele afirmou que a economia já mostrou que não é mais suscetível a crises políticas durante 2005 -quando ocorreu o escândalo do mensalão- e lembrou que houve forte oscilação nos mercados emergentes na semana passada devido à desaceleração da economia americana.
Na semana passada, a Bovespa caiu quase 4%, e o risco-país subiu mais de 14%. Mantega disse que, na última quinta-feira, no "epicentro da crise do dossiê", o risco-país Brasil subiu 7,02 pontos percentuais e,os demais países emergentes avançaram, em média, 7,04 pontos percentuais. "Dizer que foi por causa do dossiê é bobagem", minimizou. Para ele, os anos eleitorais são "nervosos por definição" e, após a eleição, "o acirramento político é desativado".


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