São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 2006

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Estúdios querem TV digital "protegida"

Produtores podem não vender conteúdo a emissoras no Brasil se não houver mecanismo antipirataria

PAULA LEITE
DA REDAÇÃO

Os estúdios de Hollywood estão se preparando para combater a pirataria no Brasil em uma nova frente: a TV digital.
O presidente da MPAA (Motion Picture Association of America, que reúne os seis maiores estúdios dos EUA), Bob Pisano, disse que a associação está conversando com emissoras de TV, como Globo e SBT, e com possíveis fabricantes da "set-top box" (caixinha de conversão, que permitirá ver TV digital em televisores normais) para evitar que o sinal digital fique desprotegido.
Pela avaliação da MPAA, os produtores de conteúdo, como os estúdios, podem até mesmo parar de vender conteúdo às TVs brasileiras se não houver codificação do sinal para evitar a pirataria.
"Nós não favorecemos um ou outro padrão da TV digital. Estamos preocupados com a proteção do conteúdo. Sem a proteção, qualquer um com um computador se torna um retransmissor internacional", disse Pisano.

TV na internet
Ele se refere ao fato de que seria fácil ligar a saída digital de uma "caixinha" ou de um televisor digital ao computador, gravar um programa que está passando na TV e colocá-lo na internet.
De acordo com Steve Solot, vice-presidente da MPA (Motion Picture Association, braço internacional da MPAA) para a América Latina, os estúdios estão fazendo sugestões às emissoras, a fabricantes e ao Ministério das Comunicações sobre como usar a tecnologia de codificação na TV digital.
Pisano diz, porém, que a tecnologia de proteção da TV digital não impedirá o telespectador de gravar um programa para uso pessoal, desde que o conteúdo não seja distribuído.

Downloads
O presidente da MPA disse também que os estúdios têm que agir mais rapidamente para satisfazer o desejo do consumidor por filmes em vários formatos -como downloads para assistir no computador ou em aparelhos portáteis e DVDs para ver no home theater.
"As pessoas que fazem filmes têm que perceber que o download [legal] tem que estar disponível o quanto antes", disse Pisano, que acrescentou que a penetração da banda larga em uma determinada região ou país vai definir se haverá oferta de download legal de filmes.
"O problema é que, quando o fator novidade passar, quem vai querer assistir a um filme na tela pequena do computador? Talvez a tela do computador passe a servir para assistir a programas curtos, como vídeos de música, comédia ou notícias, e o home theater, para assistir a filmes", afirmou Pisano.
Ele acrescentou que, no Brasil, algumas pessoas do setor querem tornar obrigatória a "janela" entre a estréia do filme no cinema e o lançamento em DVD. "Mas os piratas não respeitam isso. Temos que fazer com que a experiência no cinema seja tão superior que as pessoas queiram ir."


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