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Turbulência vai atrasar nota melhor do país, diz Meirelles
Para presidente do BC, agências ficaram mais cautelosas em elevar classificação
Obtenção do chamado "grau de investimento", espécie de "selo de bom pagador", vai demorar
entre um e dois anos, afirma
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As turbulências do mercado
imobiliário americano devem
atrasar a melhora na nota atribuída ao Brasil por agências de
classificação de risco. A opinião
é do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para
quem a demora deve refletir a
maior cautela que essas agências terão de agora em diante
nas suas avaliações, após críticas que sofreram por não terem
conseguido prever a atual crise.
"As agências de "rating" estão
num momento particularmente delicado, porque muitas das
decisões de crédito [imobiliário
nos EUA] foram baseadas em
análises feitas por essas agências. Ainda é cedo para dizer se
essas análises foram incorretas
ou não, mas de fato elas estão
sofrendo um certo questionamento e estão um pouco mais
cautelosas", afirmou Meirelles.
Mesmo com essa maior cautela, o presidente do BC disse
acreditar que "não é coisa para
muitos anos" para que o Brasil
chegue ao chamado "grau de investimento", nota atribuída a
países que apresentam baixo
risco de calote na sua dívida
-hoje o Brasil ainda é visto pelas agências como um investimento de grau especulativo.
Meirelles não quis, porém,
falar em prazos. "Mas está mais
para algo entre um e dois anos
[para que o Brasil receba o "grau
de investimento'] do que entre
oito e dez", disse ele durante
audiência pública realizada pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
Na audiência, Meirelles foi
questionado sobre vários assuntos, sendo que a cobrança
de tarifas bancárias e a crise
imobiliária dos EUA foram os
dois principais tópicos abordados pelos senadores.
Sobre as tarifas, o presidente
do BC confirmou que tem estudado, junto com o Ministério
da Fazenda, uma regulamentação para o setor. Entre as medidas em análise, estão a diminuição do número de tarifas praticadas pelos bancos, além da padronização de seus nomes, para
facilitar a comparação entre os
preços praticados entre diferentes instituições financeiras
(leia texto na pág. B10).
Sobre a crise dos mercados
internacionais, Meirelles disse
não descartar a possibilidade
de uma recessão nos EUA, mas
adotou um tom otimista. "Existe um certo risco. Não é a maior
probabilidade", afirmou.
Para ele, o mais provável é
que se observe só uma desaceleração na economia americana, o que não seria suficiente
para trazer conseqüências mais
graves para a economia mundial. Meirelles voltou a dizer
que, mesmo que num cenário
mais pessimista, o Brasil está
mais bem preparado para enfrentar crises.
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