São Paulo, quarta-feira, 26 de setembro de 2007

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Turbulência vai atrasar nota melhor do país, diz Meirelles

Para presidente do BC, agências ficaram mais cautelosas em elevar classificação

Obtenção do chamado "grau de investimento", espécie de "selo de bom pagador", vai demorar entre um e dois anos, afirma

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As turbulências do mercado imobiliário americano devem atrasar a melhora na nota atribuída ao Brasil por agências de classificação de risco. A opinião é do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para quem a demora deve refletir a maior cautela que essas agências terão de agora em diante nas suas avaliações, após críticas que sofreram por não terem conseguido prever a atual crise.
"As agências de "rating" estão num momento particularmente delicado, porque muitas das decisões de crédito [imobiliário nos EUA] foram baseadas em análises feitas por essas agências. Ainda é cedo para dizer se essas análises foram incorretas ou não, mas de fato elas estão sofrendo um certo questionamento e estão um pouco mais cautelosas", afirmou Meirelles.
Mesmo com essa maior cautela, o presidente do BC disse acreditar que "não é coisa para muitos anos" para que o Brasil chegue ao chamado "grau de investimento", nota atribuída a países que apresentam baixo risco de calote na sua dívida -hoje o Brasil ainda é visto pelas agências como um investimento de grau especulativo.
Meirelles não quis, porém, falar em prazos. "Mas está mais para algo entre um e dois anos [para que o Brasil receba o "grau de investimento'] do que entre oito e dez", disse ele durante audiência pública realizada pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
Na audiência, Meirelles foi questionado sobre vários assuntos, sendo que a cobrança de tarifas bancárias e a crise imobiliária dos EUA foram os dois principais tópicos abordados pelos senadores.
Sobre as tarifas, o presidente do BC confirmou que tem estudado, junto com o Ministério da Fazenda, uma regulamentação para o setor. Entre as medidas em análise, estão a diminuição do número de tarifas praticadas pelos bancos, além da padronização de seus nomes, para facilitar a comparação entre os preços praticados entre diferentes instituições financeiras (leia texto na pág. B10).
Sobre a crise dos mercados internacionais, Meirelles disse não descartar a possibilidade de uma recessão nos EUA, mas adotou um tom otimista. "Existe um certo risco. Não é a maior probabilidade", afirmou.
Para ele, o mais provável é que se observe só uma desaceleração na economia americana, o que não seria suficiente para trazer conseqüências mais graves para a economia mundial. Meirelles voltou a dizer que, mesmo que num cenário mais pessimista, o Brasil está mais bem preparado para enfrentar crises.


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