São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 2008

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Ex-sócio da Asia Motors é extraditado para a Coréia

Processado no Brasil, sul-coreano vai cumprir 10 anos de prisão em seu país

Chong Jin Jeon, que responde por crimes de estelionato e lavagem de dinheiro, chegou a solicitar refúgio político a autoridades brasileiras

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-sócio da Asia Motors Chong Jin Jeon foi extraditado ontem para a Coréia do Sul, onde foi condenado a dez anos de prisão pelos crimes de fraude, enriquecimento ilícito, gestão fraudulenta e suborno.
No Brasil, ele respondia a processos, na Justiça Federal de São Paulo, por lavagem de dinheiro e estelionato.
A Asia Motors foi comprada pela Hyundai Motors do Brasil. Estima-se que as fraudes praticadas por Jeon à frente da empresa cheguem a R$ 1 bilhão.
Também ontem o STF (Supremo Tribunal Federal) negou pedido de habeas corpus apresentado pelo sul-coreano na tentativa de conseguir rever o pedido de refúgio político que lhe foi negado pelo governo brasileiro em março deste ano.
Jeon já tentara recurso semelhante diante do STJ (Superior Tribunal de Justiça), mas seu pedido fora indeferido.
"É uma demonstração de que o Brasil participa ativamente em todas as formas de cooperação jurídica internacional, visando o combate à impunidade", disse Romeu Tuma Júnior, titular da Secretaria Nacional de Justiça, órgão responsável pelas tratativas da extradição.
A Coréia do Sul pediu ao STF a prisão de Jeon para efeito de extradição em novembro de 2003. O pedido foi deferido, mas ele ficou foragido até julho de 2006, quando passou à custódia da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo.
Em outubro de 2007, o STF autorizou a extradição do sul-coreano. Ele, então, entrou com um pedido no Conare (Comitê Nacional para os Refugiados) para se tornar um refugiado no Brasil. Alegou ter sofrido tortura nos tempos em que ficou preso na Coréia do Sul.
Na ocasião, o presidente do Conare, Luiz Paulo Barreto, afirmou não haver elementos para a concessão do pedido.
Em sua defesa, Jeon disse que sofreu prejuízo porque não pôde ser acompanhado de um advogado na audiência do Conare que julgou seu caso.
Como não entende direito o português, teria deixado de responder a questões que acreditava serem importantes para o processo, o que teria resultado na negativa do seu pedido.
No dia 11, o Ministério da Justiça autorizou a entrega de Jeon às autoridades sul-coreanas, independentemente dos resultados dos processos a que ele responde no Brasil.
A Hyundai, que comprou a Asia Motors, anunciou, na semana passada, que vai instalar uma fábrica em Piracicaba (SP). Como incentivo para atrair a montadora, o governo paulista vai isentar a Hyundai do pagamento de ICMS para "importação de mercadorias, equipamentos, partes e peças, sem similar nacional".


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