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AUTOMÓVEIS
Desvalorização do real e do peso eleva prejuízos na região; presidente da empresa diz que tem "plano final"
Ford dá "última chance" à América do Sul
JEREMY GRANT
DO "FINANCIAL TIMES", EM CHICAGO
A Ford Motor Company sinalizou ontem que um plano de negócios para restaurar a saúde de
suas problemáticas operações na
América do Sul seria a última
chance para a sobrevivência delas.
Bill Ford, presidente e executivo-chefe do grupo, disse que a
Ford estava agora em seu "quinto
plano final" para a região, onde os
prejuízos da empresa se agravaram acentuadamente no terceiro
trimestre, depois de anos de fraco
desempenho.
"Se o plano funcionar, acredito
que teremos um projeto de negócios viável para a América do Sul.
Se não, suspeito que não teremos
um novo 'plano final'", disse.
"Essa é realmente a nossa melhor tentativa de entender como
as coisas funcionam por lá [na
América do Sul]", disse Ford a
analistas em um evento.
A Ford emprega cerca de 12,5
mil trabalhadores em quatro fábricas no Brasil, três na Argentina
e uma na Venezuela. As unidades
produzem carros, vans e componentes para os mercados desses
países. No total, o grupo tem 110
fábricas no mundo.
Prejuízo
Os prejuízos das operações sul-americanas da Ford no terceiro
trimestre foram de US$ 138 milhões, ante US$ 56 milhões no
mesmo período de 2001, em larga
medida devido à desvalorização
do real brasileiro e do peso argentino, que cancelaram os ganhos
de desempenho que a empresa
obteve em termos de custos.
Como muitas outras montadoras estrangeiras, a Ford vem lutando há anos para obter lucros
na América do Sul e fez numerosas reestruturações para tentar tirar suas operações do vermelho.
As montadoras de automóveis
têm de enfrentar as condições
econômicas debilitadas da região,
bem como mudanças súbitas nas
políticas governamentais quanto
à inflação e aos déficits públicos.
A Ford não obtém lucros anuais
no continente desde a dissolução
da joint venture com a Volkswagen, em 94 (a Autolatina).
Em 2001, a fatia combinada de
mercado para carros e caminhões
leves da Ford no Brasil -seu
maior mercado na região- caiu
em 1,3% em relação ao ano anterior, para 7,8%. Na Argentina, a
queda foi de 0,6% em 2001 na
comparação com 2000, para
14,3% do mercado daquele país.
Em maio, a Ford iniciou a produção do modelo Fiesta em uma
fábrica na Bahia. O carro ajudou a
elevar a fatia de mercado da Ford
no Brasil para 11,3% em agosto,
ante 6,6% no mesmo mês de 2001.
A direção da Ford diz que o
mais recente plano de negócios,
recentemente aprovado pelo conselho, envolve usar a fábrica da
Bahia para exportação, em busca
de "estabilidade cambial".
A Ford, que está no décimo mês
de uma penosa reestruturação ao
custo de US$ 9 bilhões, investiu
US$ 1,2 bilhão na fábrica da Bahia,
na cidade de Camaçari, inaugurada em outubro do ano passado.
"Apesar do turbulento ambiente econômico, a nossa participação de mercado e as exportações
têm crescido, os custos caíram e o
volume de vendas necessário para
atingirmos o equilíbrio financeiro
tem diminuído. Esses resultados
nos deixam confiantes no futuro
na América do Sul", afirmou Richard Canny, presidente das operações da Ford no continente.
Colaborou a Reportagem Local
Tradução de Paulo Migliacci
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