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São Paulo, domingo, 26 de outubro de 2003

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TRABALHO

Na tentativa de diminuir custos e aumentar competitividade, indústrias acabam estimulando outros setores da economia

Emprego sobe em 16 regiões do interior de SP

DA REPORTAGEM LOCAL

O emprego industrial cresceu em 16 das 24 regiões do interior paulista pesquisadas pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). O levantamento, divulgado pela primeira vez por região e obtido pela Folha, mostra o comportamento do nível de emprego no período de agosto de 2002 a agosto deste ano.
Na Grande São Paulo, das nove regiões pesquisadas pelas diretorias da Fiesp, somente duas registraram desempenho positivo -Diadema e Mogi das Cruzes.
A expansão de vagas com carteira assinada no interior paulista não é entendida como sintoma da tão propalada retomada da atividade econômica, mas foi sustentada por empresas ligadas principalmente à agroindústria e atividades direta ou indiretamente voltadas à exportação.
"O que constatamos é que o emprego subiu no interior por causa das exportações, e não do mercado interno", diz Clarice Messer, diretora da Fiesp. "Mas, ao se instalar no interior para aumentar a competitividade e elevar as exportações, a indústria também acaba estimulando outros setores da economia, como o de serviços [hotéis e restaurantes, por exemplo]", afirma.
Entre as regiões que apresentaram melhores resultados na mão-de-obra industrial estão Marília, Botucatu, Presidente Prudente, Araraquara, Limeira, Franca, Jaú, Piracicaba e Sorocaba.
"São áreas em que a cadeia produtiva está bem estruturada em torno do agronegócio, seja pela indústria que fornece máquinas para a agricultura ou pela indústria de embalagem", diz José Silvestre, técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estudos Sócio-Econômicos).
"A economia está se "interiorizando" porque os custos fora das regiões metropolitanas são mais baixos. Além disso, há uma integração maior entre a agricultura moderna e a indústria", diz Silvio Sales, coordenador da área de indústria do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Na região de Marília, a federação das indústrias informa que a empresa que mais se destacou foi a de alimentos. A fábrica de biscoitos Marilan, por exemplo, instalada há 46 anos na cidade, contratou neste ano 200 empregados e aumentou sua produção -6.000 toneladas por mês- em cerca de 30% em relação a 2002.
"As contratações foram resultado do lançamento de novos produtos e do aumento nas exportações", diz José Rubis Garla, presidente da empresa. Da produção total de biscoitos, a fábrica exporta 2,5% para os Emirados Árabes Unidos, China, Estados Unidos, Porto Rico, Itália, Portugal e África do Sul.
"Nosso plano é ampliar para 4% as exportações no próximo ano", diz Garla. A Marilan emprega 1.300 funcionários diretos e 300 terceirizados, com salário médio de R$ 700 -inclui benefícios.
Nas regiões de Botucatu, Limeira e Sorocaba, as indústrias metalúrgicas, metalmecânicas e de materiais elétricos e eletrônicos se destacaram na contratação de mão-de-obra. Em Franca e Jaú, foi o setor de calçados que obteve os melhores resultados, e, em Presidente Prudente, as empresas de couros e peles.
"As fábricas que estão no interior são muitas vezes de menor porte, mas intensivas em mão-de-obra. Mas não dá para falar em "boom" de emprego no interior sem crescimento econômico", lembra Paula Montagner, gerente da Fundação Seade.
Para o coordenador-técnico do Dieese, Sérgio Mendonça, a criação de vagas formais no interior do Estado e do país, como mostram os dados da Fiesp e do Ministério do Trabalho, é positiva. "Mas é preciso verificar também a qualidade desses empregos. É importante saber qual a renda desses postos de trabalho". diz.
Economistas entendem que o aumento do emprego no interior pode estar ocorrendo porque a renda diminuiu e, por isso, outras pessoas da família tiveram de buscar trabalho.
(CLAUDIA ROLLI E FÁTIMA FERNANDES)

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