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COMÉRCIO EXTERIOR
Organização prevê aumento de 8,5% nas trocas globais neste ano; participação do Brasil aumenta
Petróleo ameaça comércio em 2005, diz OMC
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
O comércio internacional deve
encerrar 2004 com um crescimento de 8,5% no volume de vendas em relação ao ano passado,
segundo dados da OMC (Organização Mundial do Comércio). Em
abril, ela previa alta de 7,5%.
No próximo ano, porém, o quadro será pior. Apesar de não oferecer uma projeção, a OMC apontou em relatório ontem que, em
2005, as altas do petróleo e de outras commodities devem prejudicar o comércio mundial.
A alta deste ano tem sido sustentada pelo desempenho do setor exportador da Ásia (especialmente na China), da América Latina e da África. A recuperação em
um ritmo mais acelerado da economia japonesa, que superou as
estimativas da OMC, também
contribuiu para o aquecimento
das exportações mundiais. "O
crescimento do comércio mundial em 2004 não será afetado negativamente pelo alto preço do
petróleo em grande medida por
causa do crescimento do comércio na China, na América Latina e
na África", disse o diretor-geral da
OMC, Supachai Panitchpakdi.
Para o Brasil, esse cenário de expansão se traduz na maior participação do país no comércio global.
"Neste ano, o Brasil pode chegar a
1,3% de participação no comércio
mundial", avaliou José Augusto
de Castro, vice-presidente da AEB
(Associação de Comércio Exterior do Brasil). Esse incremento,
num momento de aquecimento
da economia global, ainda é pequeno e acontece depois de duas
décadas amargando uma fatia de
no máximo 1%. A China detém
cerca de 30% hoje e tinha quase
zero em 1980.
As vendas externas brasileiras
de commodities, com destaque
para a soja, e também de produtos manufaturados de ponta, como aviões e autopeças, conduzem
o dinamismo exportador. A expectativa do governo brasileiro é a
de atingir US$ 94 bilhões com exportações neste ano e US$ 100 bilhões em 2005. Em 2004, o comércio exterior brasileiro deve crescer
30%, afirmou Castro.
Já de acordo com a EIU (Economist Intelligence Unit), braço de
pesquisas da revista britânica
"The Economist", o comércio internacional deve crescer 7,5% em
2005, contra 9,9% neste ano. "A
maioria das economias dos países
desenvolvidos deve desacelerar
em 2005, o que vai atrapalhar o
caminho dos crescimentos das
exportações de muitos países
emergentes", diz a EIU.
Na avaliação da AEB, 2005 ainda é uma incógnita, e a entidade
não quis arriscar uma estimativa.
Mas a alta do petróleo, a intenção
da China de desacelerar a sua economia, o que vai diminuir as suas
importações, e uma queda esperada do preço da soja, por causa
da supersafra nos EUA, fazem as
perspectivas para o ano que vem
serem piores. Para o vice-presidente da AEB, a própria meta de
exportar US$ 100 bilhões no próximo ano já é um sinal de que se
espera um crescimento menor.
"Se chegarmos a US$ 94 bilhões
ou US$ 95 bilhões em 2004, alcançar US$ 100 bilhões em 2005 seria
um crescimento em torno de somente 5% na comparação com
este ano."
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