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Maria da Conceição
ataca diretoria do BC
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Crítica contumaz da política
econômica liberal, a economista
Maria da Conceição Tavares afirmou ontem no Rio que "não existe macroeconomia de esquerda" e
que o governo do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva não tinha outra opção nessa área a não ser a do
conservadorismo.
Ela não poupou, porém, a atual
gestão do Banco Central, instituição que classificou de "fraca" e
"ruim". Sem citar nomes, chamou os diretores do banco de
"bando de falcõezinhos", "débeis
mentais" e "ignorantes", que
usam o prestígio adquirido no governo para depois voltarem ao
mercado e fazerem fortunas.
Para Maria da Conceição, "a política macroeconômica não determina a natureza do regime". Tem
de ser, segundo ela, conduzida de
acordo com a situação fiscal e
cambial do país. Sob essa ótica,
disse, "não havia outro jeito" a
não ser adotar uma política monetária conservadora, que, segundo ela, já foi utilizada em praticamente todos os governos anteriores do país, de Getúlio Vargas a
Juscelino Kubitschek.
"A política macroeconômica
depende da conjuntura cambial.
Depende de credores internacionais e se o país está endividado",
afirmou em entrevista, após participar do seminário Vargas e o
Projeto de Desenvolvimento Nacional, promovido pelo BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
O que determina a natureza de
um regime, segundo a economista, são "as linhas maiores", como
a política para a educação. O governo Lula se enquadra nesse caso, diz ela, por ter retomado o papel desenvolvimentista do
BNDES. "O Lula barra [o neoliberalismo]. Volta ao que é natural
[no Brasil], que é o BC cuidar da
política monetária restritiva
quando há inflação. E do outro lado tem o BNDES. Essa é a história
do Brasil contraditório", disse.
Para ela, é "natural" ter na Fazenda e no BC pessoas com perfil
conservador. O problema, na sua
opinião, são os atuais ocupantes
desses postos, especialmente no
Banco Central. Ela não citou nomes. "Quem está sentado na Fazenda e no BC, em geral, é conservador. Daí a ser vendido, débil
metal, ignorante, piranha financeira e fazer um rentismo [privilegiar os ganhos de capital, no lugar
da produção] desvairado, as coisas mudam de figura."
Na visão dela, o BC passa por
uma crise: "O nosso BC agora está
mal. Está ruim. É um aparelho
fraco. Foi dos aparelhos de Estado
que mais sofreram deterioração".
Novamente sem explicitar nomes, Maria da Conceição criticou
os diretores do BC. "São um bando de falcõezinhos, que nem sabem o que estão fazendo. Depois
de passarem por lá, viram banqueiros. É uma vergonha".
Também disse que o atual cenário impede o uso de mecanismos
de controle de fluxos externos de
capitais. "Eu gostaria, mas acontece que toda a história foi de liberalização progressiva [do ingresso
de capitais estrangeiros]. Não dá
para chegar e dizer: "Agora eu fecho." Isso não se faz."
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