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TRIBUTAÇÃO
Valores dobrariam, mas uma nova lei definiria faixas e alíquotas
Governo já aceita negociar
novo limite para o Simples
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na tentativa de ressuscitar os
benefícios tributários da extinta
"MP do Bem", o governo apresentou ontem uma nova proposta
para o principal motivo do impasse com a oposição que levou à
derrocada da medida provisória
-a ampliação das vantagens
concedidas às micro e pequenas
empresas.
Contra a vontade da Receita Federal, o Congresso incluiu na "MP
do Bem" a duplicação do teto para a definição de pequena empresa, que passou a R$ 2,4 milhões de
receita bruta anual. Com isso,
multiplicou o número de empresários tributados pelo Simples.
Apesar da resistência do governo, nenhum partido se dispôs a
votar contra as micro e pequenas
empresas, um dos lobbies mais
influentes no Congresso. Tampouco o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva quer arcar com o
desgaste político de vetar a regra.
Para chegar a um acordo, chegou-se na noite de ontem a um
meio-termo: o teto do Simples será duplicado, mas uma nova lei
definirá, até o final do ano, um
novo sistema de faixas e alíquotas
-o que elevará a alíquota máxima dos atuais 8,6% para algo em
torno de 12,5%.
Hoje, há 12 faixas no Simples,
com alíquota mínima de 3%. O
novo sistema, ainda a ser detalhado, deverá ter mais faixas e alíquotas. E uma inovação importante: pela proposta, as demais
empresas serão submetidas à tributação normal apenas sobre a
parcela da receita bruta que exceder o teto do Simples.
O novo modelo ainda estava
sendo discutido às 23h, na sala reservada ao cafezinho dos senadores, entre o líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP), o secretário-geral da Receita Federal,
Jorge Rachid, seu adjunto Ricardo Pinheiro e outros líderes.
Consultado, o presidente da
Fiesp (Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo), Paulo
Skaf, chegou a enviar uma tabela
hipotética com faixas e alíquotas.
Pelos cálculos da Receita, o texto anterior da "MP do Bem" para
o Simples resultaria em perda de
recursos de R$ 1,8 bilhão por ano.
Pinheiro avaliou que a nova proposta resultará em perda menor.
Conflitos políticos
Apesar do avanço nas negociações, o acirramento do conflito
político entre governo e oposição
ainda ameaça a estratégia para
viabilizar os benefícios da "MP do
Bem", que atingem exportadores,
micro e pequenas empresas, mercado imobiliário, informática e
inúmeros setores e operações.
Editada em junho, a MP completou 120 dias sem ser votada pelo Congresso e, assim, deixou de
vigorar. Tenta-se agora, numa
manobra heterodoxa, transferir
seu conteúdo para a medida provisória nš 255, que trata da prorrogação do prazo para escolha da
tributação sobre fundos de previdência privada.
Apesar das pressões de empresários que aguardam os benefícios para decidir investimentos,
os parlamentares aliados ao Planalto e oposicionistas continuam
sem um acordo sobre a versão final da "MP do Bem", depois dos
inúmeros acréscimos, alterações e
supressões de artigos já feitos na
Câmara e no Senado.
Ontem, os atritos foram agravados com o afastamento do senador Eduardo Azeredo (MG) do
posto de presidente do PSDB, em
razão da comprovação do uso de
caixa dois em sua campanha ao
governo mineiro, em 1998. Os tucanos, que acusam o PT de usar o
caso para diluir as acusações de
corrupção no governo, se tornaram o maior obstáculo à aprovação da MP.
Os tucanos não têm votos suficientes para impedir a aprovação,
mas o governo precisa de um
acordo geral dos partidos para
aprovar a tempo a MP 255, que
expira no final do mês. A estratégia traçada era aprovar ontem a
medida no Senado -o que não
havia acontecido até a conclusão
desta edição- e hoje na Câmara.
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