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RECEITA ORTODOXA
Para ministro, metas de longo prazo são única forma de reduzir carga tributária e taxas de juros no país
Palocci defende emenda para ajuste fiscal
Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
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O ministro Antonio Palocci (Fazenda), durante conferência no Rio |
LUCIANA BRAFMAN
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O governo trabalha para assegurar de modo institucional -até
mesmo com a possibilidade de
emenda à Constituição- um
compromisso fiscal de longo prazo para o país, afirmou o ministro
da Fazenda, Antonio Palocci.
Palocci, que participou do seminário "Investimento para o Desenvolvimento", da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), disse
que metas fiscais garantidas por
dez ou 15 anos são a única maneira de reduzir a carga tributária,
melhorar a poupança pública,
atrair investimentos e, conseqüentemente, reduzir as altas taxas de juros do país.
"Queremos buscar mecanismos
que possam colocar a atual perspectiva com que estamos trabalhando -equilíbrio fiscal consistente, garantias de uma trajetória
declinante para a dívida pública,
controle inflacionário que exija
taxas de juros menores- numa
perspectiva de mais longo prazo."
Para Palocci, o compromisso
com a questão fiscal deve ser não
só reafirmado pelo governo mas
também incorporado por todos
os segmentos da sociedade.
Palocci citou como exemplos de
compromissos fiscais já institucionalizados dois dispositivos
propostos na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), que projeta
gastos para um horizonte mais
alongado, de três anos: um teto
para a carga tributária e um limite
para gastos correntes primários.
Já as proposições para um compromisso fiscal de dez ou 15 anos
poderiam ser estabelecidas por
meio de projetos de lei, emendas
constitucionais ou outros dispositivos legais. Os estudos estão sendo direcionados, principalmente,
pelos ministérios do Planejamento e da Fazenda. Segundo ele, há
várias propostas em discussão e
não há pressa em "fazer uma
emenda para a semana que vem".
Em tom enfático, Palocci disse
que não abre mão do compromisso fiscal de longo prazo. Hoje esse
assunto deverá ser discutido em
reunião do presidente Lula com
ministros no Palácio do Planalto.
"MP do Bem"
Palocci afirmou que, apesar de o
Brasil estar recebendo uma quantidade significativa de investimentos diretos, algumas questões
tributárias poderiam contribuir
para a atração dos capitais. Com
esse propósito, o governo quer
reeditar a extinta "MP do Bem",
incluindo determinados itens em
uma outra medida provisória
(leia texto na pág. B4).
O primeiro deles é o que garante
a suspensão de PIS e Cofins para
os setores exportadores, o que eliminaria um "custo Brasil" para os
exportadores. O segundo aspecto
é um conjunto de normas tributárias relativo à lei de inovação.
"Estudo recente do Ipea [Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada] mostrou que empresas que
investiram em tecnologia são empresas com maior lucratividade,
que pagam maiores salários, mais
dinâmicas."
Informática
A terceira medida é no sentido
de formalizar o setor de informática, também com a suspensão de
PIS e Cofins. O quarto aspecto é a
correção de valores na construção
civil. O governo vem tomando
outras iniciativas no sentido de
melhorar o ambiente para o investimento, de acordo com Palocci. Ele ressaltou, porém, que muitas medidas demoram a surtir
efeitos, como a Lei de Falências.
"Na área de telecomunicações,
há um trabalho com o Ministério
das Comunicações para aperfeiçoar os contratos, que serão renovados por mais 20 anos. Estamos
revendo índices de correção. Mas
é um trabalho paciente", afirmou.
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