São Paulo, quinta-feira, 26 de outubro de 2006

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VINICIUS TORRES FREIRE

Copos vazios e copos cheios

Dieese-Seade indica quedas do desemprego aberto e do emprego precário; taxa do IBGE deve seguir tendência

A TAXA DE DESEMPREGO na Grande São Paulo não era tão baixa em um setembro fazia nove anos, mostram o Dieese e o Seade, institutos sindical e do governo paulista de estatísticas e pesquisas econômicas. A taxa de desemprego total foi de 15,3% no mês passado, contra 16,3% do ano de 1997, quando começava a degringolada econômica dos anos FHC.
No desemprego total estão incluídas as pessoas que procuram trabalho mas fazem bicos ("trabalho precário") e aquelas desanimadas com a perspectiva de achar emprego no último mês, embora tenham buscado trabalho em algum momento dos últimos 12 meses (pessoas em "desalento"). Por isso, esse número do Dieese-Seade é tão diferente daquele do IBGE, que será divulgado hoje.
O desemprego do IBGE em agosto foi de 11,6% em São Paulo e de 10,6% na média das seis regiões metropolitanas em que é feita a pesquisa.
Mas o Dieese-Seade também calcula um número algo comparável ao do IBGE: a taxa de desemprego aberto do Dieese-Seade em São Paulo foi de 10,3% em setembro. Aí estão incluídas as pessoas que procuraram emprego nos últimos 30 dias e não trabalharam nos sete dias anteriores à pesquisa.
O desemprego aberto do Dieese também é menor que o de setembro de 1997, mas não o menor desde 1997. Mas há menos gente fazendo bico e menos gente desanimada com o mercado de trabalho.
Mas, como se pode ver no gráfico ao lado, as taxas de desemprego aberto do Dieese-Seade e do IBGE tendem a convergir, e mesmo apenas a taxa do Dieese para São Paulo é um razoável indicador da tendência do nível de desemprego na média das regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE.
As diferenças de metodologia causam alguma confusão e divergências temporárias nos números, mas, aparentemente, a tendência do emprego é de alta. Os números do IBGE até agosto pareceram especialmente ruins e piores que os do Dieese-Seade devido ao fato de que mais gente se animou a procurar trabalho e não achou, embora o número de pessoas de fato ocupadas tenha crescido. Costuma ser um fenômeno comum de recuperações do crescimento: as pessoas percebem a melhoria do ambiente econômico e vão procurar emprego. Isto é, a princípio a taxa de desemprego piora porque a economia melhorou. Ainda um pouco confuso, decerto, mas a fim de avaliar o mercado de trabalho é bom verificar tanto a taxa de desemprego como a evolução do número de pessoas empregadas, tendências que por vezes e temporariamente divergem.
O problema agora é que a recuperação do mercado de trabalho está sendo mais lenta do que a verificada do ano ruim de 2003 para o ano bom de 2004, por exemplo.


vinit@uol.com.br

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