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VINICIUS TORRES FREIRE
Copos vazios e copos cheios
Dieese-Seade indica quedas do desemprego aberto e do emprego precário; taxa do IBGE deve seguir tendência
A TAXA DE DESEMPREGO na
Grande São Paulo não era tão
baixa em um setembro fazia
nove anos, mostram o Dieese e o
Seade, institutos sindical e do governo paulista de estatísticas e pesquisas econômicas. A taxa de desemprego total foi de 15,3% no mês
passado, contra 16,3% do ano de
1997, quando começava a degringolada econômica dos anos FHC.
No desemprego total estão incluídas as pessoas que procuram trabalho mas fazem bicos ("trabalho precário") e aquelas desanimadas com
a perspectiva de achar emprego no
último mês, embora tenham buscado trabalho em algum momento
dos últimos 12 meses (pessoas em
"desalento"). Por isso, esse número
do Dieese-Seade é tão diferente daquele do IBGE, que será divulgado
hoje.
O desemprego do IBGE em agosto foi de 11,6% em São Paulo e de
10,6% na média das seis regiões metropolitanas em que é feita a pesquisa.
Mas o Dieese-Seade também calcula um número algo comparável
ao do IBGE: a taxa de desemprego
aberto do Dieese-Seade em São
Paulo foi de 10,3% em setembro. Aí
estão incluídas as pessoas que procuraram emprego nos últimos 30
dias e não trabalharam nos sete dias
anteriores à pesquisa.
O desemprego aberto do Dieese
também é menor que o de setembro
de 1997, mas não o menor desde
1997. Mas há menos gente fazendo
bico e menos gente desanimada
com o mercado de trabalho.
Mas, como se pode ver no gráfico
ao lado, as taxas de desemprego
aberto do Dieese-Seade e do IBGE
tendem a convergir, e mesmo apenas a taxa do Dieese para São Paulo
é um razoável indicador da tendência do nível de desemprego na média das regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE.
As diferenças de metodologia
causam alguma confusão e divergências temporárias nos números,
mas, aparentemente, a tendência
do emprego é de alta. Os números
do IBGE até agosto pareceram especialmente ruins e piores que os
do Dieese-Seade devido ao fato de
que mais gente se animou a procurar trabalho e não achou, embora o
número de pessoas de fato ocupadas
tenha crescido. Costuma ser um fenômeno comum de recuperações do
crescimento: as pessoas percebem a
melhoria do ambiente econômico e
vão procurar emprego. Isto é, a princípio a taxa de desemprego piora
porque a economia melhorou. Ainda um pouco confuso, decerto, mas a
fim de avaliar o mercado de trabalho
é bom verificar tanto a taxa de desemprego como a evolução do número de pessoas empregadas, tendências que por vezes e temporariamente divergem.
O problema agora é que a recuperação do mercado de trabalho está
sendo mais lenta do que a verificada
do ano ruim de 2003 para o ano bom
de 2004, por exemplo.
vinit@uol.com.br
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