São Paulo, domingo, 26 de outubro de 2008

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Criação de vagas na indústria de SP deve perder ritmo em 2009

DA REPORTAGEM LOCAL

A crise financeira afetou a expectativa dos empresários para a criação de vagas na indústria paulista nos próximos seis meses. E o pessimismo pode ser constatado entre empresas de pequeno, médio e grande portes, segundo levantamento feito pela Fiesp (Federação das indústrias do Estado de São Paulo).
O indicador de expectativas para o emprego ficou, na média das 243 empresas consultadas, em 47,5 pontos no terceiro trimestre deste ano, o que representou uma queda de 5,9 pontos em relação ao que foi constatado no terceiro trimestre do ano passado e de 5,1 pontos na comparação com segundo trimestre deste ano.
"Até o segundo trimestre deste ano, o ritmo de criação de empregos com carteira assinada na indústria de transformação paulista era maior do que o que ocorreu no mesmo período em anos anteriores. Mas a partir do terceiro trimestre de 2008, essa tendência se inverteu na indústria, o que não ocorreu no comércio nem no setor de serviços", explica Fábio Romão, economista da LCA.
No terceiro trimestre deste ano, a indústria de transformação do Estado de São Paulo criou 12,2% vagas a menos do que o número de postos abertos em igual período de 2007 -foram 43,8 mil empregos formais criados entre julho e setembro de 2008 ante 49,9 mil entre julho e setembro de 2007, segundo dados do Caged (Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho.
O que contribuiu para inverter o ritmo de criação de vagas no terceiro trimestre, segundo avalia Romão, foram a desaceleração da economia, constatada a partir do segundo semestre ano, e a mudança de expectativa dos empresários, verificada principalmente a partir de setembro. "E essa mudança de perspectiva certamente está relacionada à crise financeira internacional", afirma.
A queda no ritmo de geração de vagas, já verificada no terceiro trimestre deste ano e com mais intensidade em setembro, é maior no interior paulista do que na região metropolitana, de acordo com os dados levantados pelo Caged.
A tendência é que a desaceleração na criação de vagas se acentue a partir do ano que vem, segundo especialistas.
Para a ocupação, a LCA projeta crescimento de 3,4% e 2,3%, respectivamente neste ano e em 2009. "No próximo ano, nossa projeção é que vamos voltar aos níveis de 2005 no que diz respeito à criação de vagas [formais e informais]", diz Romão. Para a rendimento médio real, a previsão é de aumento de 2,6% neste ano e de 2,5% no próximo ano.
Na avaliação de Marcelo Nonnenberg, coordenador do Grupo de Análise e Previsões do Ipea, o nível de emprego não deverá ser "muito afetado" em 2009. "O que deve acontecer é a redução de horas extras e de turnos em alguns setores, mas tudo depende da extensão da desaceleração da economia", afirma.
Fábio Silveira, sócio diretor da RC Consultores, estima que o pessoal ocupado deve crescer entre 1,5% e 2% no ano que vem e a massa salarial, 2%. Neste ano, na sua avaliação, o pessoal ocupado deve crescer 4% e, a massa salarial, 7,2%. "A falta de crédito dificulta a gestão das empresas que, conseqüentemente, acabam tomando medidas mais rigorosas em relação ao emprego."
(CR e FF)


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