São Paulo, segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Recuperação deve melhorar dividendos

Primeiro semestre teve queda de 6% em relação ao mesmo período de 2008, mas expectativa é de melhora com lucros maiores

Pelo menos 25% do lucro líquido de uma companhia de capital aberto tem de ser repassado aos seus acionistas

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com a abertura da safra de balanços do terceiro trimestre, começaram as especulações sobre o quanto os resultados das companhias brasileiras podem ter melhorado, após dois semestres de menor pujança. Para quem investe em ações, esse período é muito relevante. Isso porque, se os lucros aumentarem, o pagamento de dividendos também vai crescer.
No primeiro semestre deste ano, o pagamento total de proventos -basicamente dividendos e juros sobre capital- foi 6% menor que no mesmo período de 2008, totalizando R$ 17,91 bilhões. No segundo semestre de 2008, no auge da crise, foram pagos apenas R$ 12,05 bilhões. Os dados pertencem a levantamento feito pela CBLC (Câmara Brasileira de Liquidação e Custódia).
Apesar de ser difícil saber o quanto de lucro as companhias de capital aberto terão no terceiro e quarto trimestres, analistas falam que não deve ser difícil que o pagamento de proventos supere os R$ 20 bilhões nesta segunda metade do ano.
Por lei, ao menos 25% do lucro líquido de uma companhia de capital aberto tem de ser repassado aos acionistas. Dessa forma, quanto mais as companhias lucram, maior volume de dividendos é repassado. O direito é extensivo a todas as pessoas que tenham ações de uma empresa, independentemente da quantidade que possuírem.
"A expectativa é que os balanços venham bem melhores. Nos Estados Unidos, ao menos 70% dos balanços trimestrais já apresentados surpreenderam positivamente os analistas", diz Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora.
"Se isso se confirmar, para os investidores será uma boa notícia, pois a remuneração de dividendos acabará sendo maior que nos últimos trimestres", afirma Bandeira.
A prática de comprar uma ação atento aos proventos que a empresa pode pagar ainda não é um hábito tão comum no Brasil, como ocorre em outros países. Os dividendos são a forma mais comum de proventos pagos pelas empresas de capital aberto, mas há outras remunerações que podem beneficiar o acionista, como os juros sobre capital próprio.
Quem mantém uma ação em carteira por algum tempo costuma notar que, periodicamente, aparecem alguns recursos a mais e que não se referem à alta do papel que comprou.
Uma forma comum de os dividendos serem pagos é o repasse direto dos recursos à conta do acionista. Mas também pode ocorrer de a companhia solicitar que o acionista busque seus dividendos em determinado banco ou outro local.
Se o acionista não é localizado, a empresa é obrigada a manter, por três anos, os recursos referentes aos dividendos em uma conta não remunerada. Após esse prazo, se o dinheiro não for reclamado acabará sendo reincorporado ao patrimônio da empresa.

Investimento futuro
"Os dividendos estão relacionados diretamente com o lucro de uma empresa. No longo prazo, especialmente se as empresas estiveram em um momento de expansão e mais lucrativas, os dividendos acabam por se tornar uma importante fonte extra de recursos aos acionistas", diz o professor e educador financeiro Mauro Calil.
Mas o investidor deve saber que a divisão do bolo que a empresa separa para pagar os dividendos é calculada por cada ação. Dessa forma, quem tem poucas ações de uma empresa pode ter direito a receber montantes pequenos de dividendos.
A escalada da Bolsa de Valores nos últimos meses mostra que os investidores estão confiantes na recuperação dos resultados das empresas. Sem considerar as especulações inerentes ao mercado financeiro, o investidor deveria comprar a ação de uma empresa para a qual espera lucros crescentes.

Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Fundos ligados a dividendos já têm R$ 3,35 bi
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.