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Recuperação deve melhorar dividendos
Primeiro semestre teve queda de 6% em relação ao mesmo período de 2008, mas expectativa é de melhora com lucros maiores
Pelo menos 25% do lucro líquido de uma companhia de capital aberto tem
de ser repassado aos
seus acionistas
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Com a abertura da safra de
balanços do terceiro trimestre,
começaram as especulações sobre o quanto os resultados das
companhias brasileiras podem
ter melhorado, após dois semestres de menor pujança. Para quem investe em ações, esse
período é muito relevante. Isso
porque, se os lucros aumentarem, o pagamento de dividendos também vai crescer.
No primeiro semestre deste
ano, o pagamento total de proventos -basicamente dividendos e juros sobre capital- foi
6% menor que no mesmo período de 2008, totalizando R$
17,91 bilhões. No segundo semestre de 2008, no auge da crise, foram pagos apenas R$
12,05 bilhões. Os dados pertencem a levantamento feito pela
CBLC (Câmara Brasileira de
Liquidação e Custódia).
Apesar de ser difícil saber o
quanto de lucro as companhias
de capital aberto terão no terceiro e quarto trimestres, analistas falam que não deve ser difícil que o pagamento de proventos supere os R$ 20 bilhões
nesta segunda metade do ano.
Por lei, ao menos 25% do lucro líquido de uma companhia
de capital aberto tem de ser repassado aos acionistas. Dessa
forma, quanto mais as companhias lucram, maior volume de
dividendos é repassado. O direito é extensivo a todas as pessoas que tenham ações de uma
empresa, independentemente
da quantidade que possuírem.
"A expectativa é que os balanços venham bem melhores.
Nos Estados Unidos, ao menos
70% dos balanços trimestrais já
apresentados surpreenderam
positivamente os analistas", diz
Álvaro Bandeira, diretor da
corretora Ágora.
"Se isso se confirmar, para os
investidores será uma boa notícia, pois a remuneração de dividendos acabará sendo maior
que nos últimos trimestres",
afirma Bandeira.
A prática de comprar uma
ação atento aos proventos que a
empresa pode pagar ainda não
é um hábito tão comum no Brasil, como ocorre em outros países. Os dividendos são a forma
mais comum de proventos pagos pelas empresas de capital
aberto, mas há outras remunerações que podem beneficiar o
acionista, como os juros sobre
capital próprio.
Quem mantém uma ação em
carteira por algum tempo costuma notar que, periodicamente, aparecem alguns recursos a
mais e que não se referem à alta
do papel que comprou.
Uma forma comum de os dividendos serem pagos é o repasse direto dos recursos à conta do acionista. Mas também
pode ocorrer de a companhia
solicitar que o acionista busque
seus dividendos em determinado banco ou outro local.
Se o acionista não é localizado, a empresa é obrigada a
manter, por três anos, os recursos referentes aos dividendos
em uma conta não remunerada. Após esse prazo, se o dinheiro não for reclamado acabará
sendo reincorporado ao patrimônio da empresa.
Investimento futuro
"Os dividendos estão relacionados diretamente com o lucro
de uma empresa. No longo prazo, especialmente se as empresas estiveram em um momento
de expansão e mais lucrativas,
os dividendos acabam por se
tornar uma importante fonte
extra de recursos aos acionistas", diz o professor e educador
financeiro Mauro Calil.
Mas o investidor deve saber
que a divisão do bolo que a empresa separa para pagar os dividendos é calculada por cada
ação. Dessa forma, quem tem
poucas ações de uma empresa
pode ter direito a receber montantes pequenos de dividendos.
A escalada da Bolsa de Valores nos últimos meses mostra
que os investidores estão confiantes na recuperação dos resultados das empresas. Sem
considerar as especulações inerentes ao mercado financeiro, o
investidor deveria comprar a
ação de uma empresa para a
qual espera lucros crescentes.
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