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Confiança do consumidor cai para o menor nível em 3 anos
Dúvidas sobre situação financeira, trabalho e consumo puxaram índice para baixo
Mau humor brasileiro já é comparável ao americano, ao europeu e ao argentino, que sentem a crise há mais tempo, afirma pesquisador
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO
Após duas quedas consecutivas, a confiança do consumidor
brasileiro atingiu em novembro, às vésperas do Natal, o menor nível da série iniciada em
setembro de 2005. Com 96,9
pontos, o índice medido pela
FGV (Fundação Getulio Vargas) teve recuo de 4,2% em relação a outubro, quando bateu
101,1, e de 15,2% em relação a
novembro do ano passado,
quando chegou a 114,3.
O resultado foi puxado principalmente pela pior avaliação
do consumidor sobre a situação
financeira de sua família e pelo
menor ímpeto para compras.
Esses fatores ajudaram a derrubar os dois eixos da pesquisa
-as avaliações da situação presente e as expectativas para os
próximos seis meses.
Também pesou para o resultado uma visão mais pessimista
do mercado de trabalho. Em
novembro, 37% dos entrevistados disseram acreditar que será
mais difícil arranjar emprego
nos próximos meses, contra
apenas 15,2% que afirmaram
que será mais fácil. Há um ano,
esses números eram de 22,1% e
17,5%, respectivamente.
"O consumidor está mais
cauteloso", afirma o coordenador do Núcleo de Pesquisas e
Análises Econômicas da FGV,
Aloisio Campelo. Segundo ele,
a confiança no Brasil já pode
ser comparada a regiões que
experimentam a crise há mais
tempo. "O mau humor brasileiro já é comparável ao americano, ao europeu e ao argentino."
A sondagem constatou também que a deterioração do índice ocorreu principalmente nas
classes mais altas, cuja confiança na economia era maior, já
que as baixas sofreram mais
com a inflação dos alimentos.
A maior perda de confiança
ocorreu em São Paulo, com
queda de 22,6% em relação a
novembro de 2007 e de 6,7%
em relação a outubro.
Apesar do cenário negativo, o
chefe do departamento de economia da CNC (Confederação
Nacional do Comércio), Carlos
Thadeu de Freitas, não acredita
num impacto forte sobre as
vendas neste Natal. "A massa
salarial ainda está razoável e o
crédito para o consumidor não
foi tão afetado", afirma.
O consultor de varejo Marco
Quintarelli cita ainda as liquidações de fim de ano como um
estímulo para as vendas. Segundo ele, a perspectiva de um
ano de "vacas magras" em 2009
já está fazendo com que os lojistas tentem acabar com os estoques. "Os varejistas estão
preferindo diminuir as margens [de lucro]", diz.
Para muitos consumidores,
porém, a crise já afetou a decisão de compras. É o caso de
Sylvia Barbosa, 28, que trabalha na área financeira da AmBev. Ela decidiu adiar a compra
de uma geladeira para a mãe e
de uma televisão de LCD para a
casa nova: "Este vai ser o Natal
da lembrancinha".
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