São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 2008

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Petrobras é excluída de índice "verde" da Bolsa

Decisão da Bovespa ocorre após críticas de ONGs à estatal

DA REPORTAGEM LOCAL

A Petrobras foi retirada da carteira do ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial), divulgada pela BM&F Bovespa. A exclusão ocorreu após questionamento de organizações ambientalistas e dos governos de São Paulo e Minas Gerais pelo fato de a gigante estatal ter se recusado a cumprir uma norma federal que a obrigava a vender óleo diesel mais limpo.
Além da Petrobras, também deixaram de fazer parte do novo ISE as empresas Aracruz, CCR Rodovias, Copel, Iochpe-Maxion e WEG.
O ISE é um índice composto por ações de companhias que têm alto grau de comprometimento com sustentabilidade e responsabilidade social. Para a criação da nova carteira do índice, houve uma seleção entre as 51 empresas que responderam a um questionário desenvolvido pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas.
No lugar das companhias que saíram, entraram os papéis de TIM, Telemar, Unibanco, Celesc, Duratex e Odontoprev.
O ISE é composto por 38 papéis de 30 companhias, que representam um valor de mercado de R$ 372 bilhões. O montante corresponde a 30,7% da capitalização total das empresas listadas na Bovespa.
A Petrobras é a maior companhia da Bolsa. Seu valor de mercado era de R$ 186,38 bilhões no último dia 24.
Uma coalizão de ONGs e governos questionou a permanência da estatal na lista do ISE. Fizeram parte do grupo Fábio Feldmann, do Fórum Paulista de Mudanças Climáticas, e Oded Grajew, do Movimento Nossa São Paulo.
O principal argumento do grupo foi o descumprimento da resolução 315 do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), que determinava que, a partir de janeiro de 2009, o diesel distribuído no país deveria ser mais limpo.
Hoje, o diesel no interior possui 2.000 ppm (partes por milhão) de enxofre, e o das regiões metropolitanas, 500 ppm. Se a resolução fosse respeitada, deveria ser abaixado para 50 ppm.
"Essa decisão mostra que não basta que as empresas sejam viáveis economicamente, elas precisam de uma licença na sociedade para operar com responsabilidade socioambiental. Uma empresa como a Petrobras, que não cumpre nem a legislação, não pode ser considerada um modelo", diz Marcelo Furtado, diretor do Greenpeace.
Em abril deste ano, o Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária) decidiu suspender a veiculação de dois comerciais em que a Petrobras destacava suas ações de preservação do ambiente. O conselho acatou o argumento de que se tratava de propaganda enganosa da empresa.


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