|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Despesa com carro sobe o dobro da inflação
Cesta de produtos e serviços voltados para quem tem automóvel teve alta de 8% nos últimos 12 meses, segundo a FGV
Custo com seguro, com alta de 14,63%, foi o que mais cresceu; estacionamento, lavagem e lubrificação também aumentaram
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A redução do IPI deixou os
carros mais baratos, mas, em
compensação, está mais cara a
sua manutenção.
Levantamento da FGV realizado a pedido da Folha mostra
que a cesta de itens de manutenção ou serviços voltados para quem tem automóvel subiu
nos últimos 12 meses quase o
dobro da inflação acumulada.
Esses custos, que incluem seguro, estacionamento, óleo,
serviços de reparos, entre outros, tiveram elevação de
8,05% entre dezembro de 2008
e novembro deste ano. Enquanto isso, o IPC-10 -índice
de preços ao consumidor medido pela FGV- registrou alta de
4,44% no período.
Para quem tem carro, o que
mais pesou no bolso é o seguro
facultativo, com alta de 14,63%.
Na sequência, vêm lavagem e
lubrificação (10%), serviço de
reparo e estacionamento e garagem (ambos com 9,42% de
aumento). Óleo lubrificante
subiu 7,41%.
De acordo com o economista
da FGV André Braz, esse quadro está relacionado ao crescimento nas vendas de carros,
impulsionado pela redução do
IPI. "Se as vendas aumentam, é
natural que haja uma demanda
maior por serviços correlatos."
Ele ressalta, porém, que as
despesas com oficina, mais frequentes para carros com mais
tempo de uso, também estão
em alta. "Isso se explica pelo
crescimento da massa de salários. Mesmo durante o período
de crise, quem conseguiu se
manter empregado obteve aumentos reais. Então, houve espaço para aumento de preços
por conta da demanda", afirmou o economista da FGV.
Em geral, segundo Braz, essa
cesta de produtos e serviços
voltados para carros apresenta
maior estabilidade. "Mas, como vivemos agora promessa de
crescimento econômico mais
intenso, esse movimento de
preços deve se manter acima
da inflação média, sim", disse.
Seguros
Para Neival Rodrigues Freitas, diretor da Fenseg (Federação Nacional dos Seguros Gerais), o aumento nos preços do
seguro para carros explica-se
pelo crescimento no pagamento de indenização no período.
Levantamento da Susep (Superintendência de Seguros Privados) aponta que o sinistro de
seguros avançou 11,77% nos
nove primeiros meses deste
ano em relação ao mesmo período do ano passado.
"Houve um aumento da sinistralidade além do previsto",
disse Freitas. Segundo ele, cerca de 65% a 70% do prêmio das
seguradoras acaba revertido
em indenização. "Esse é o
maior custo das seguradoras",
acrescenta.
Combustíveis
Os combustíveis foram deixados de fora dessa cesta de
itens porque os preços da gasolina e do óleo diesel sofrem intervenção do governo.
Mas o que mais subiu nos últimos 12 meses foi o preço do
álcool, com alta de 11,79%, segundo a FGV. Só em novembro,
o combustível subiu 9,79%.
Com o aumento, o álcool deixou de ser competitivo na primeira quinzena deste mês em
17 Estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, além
do Distrito Federal. O álcool
perde a competitividade quando seu preço supera 70% do
preço da gasolina.
Nos últimos 12 meses, a gasolina subiu 1,26%, e o óleo diesel
registrou recuo de 5,21% no
preço, de acordo com a FGV.
Em junho, o governo anunciou a redução nos preços desses combustíveis, mas elevou a
Cide (Contribuição sobre Intervenção no Domínio Econômico), imposto que incide sobre esses produtos.
Texto Anterior: Fim de ano: Brasil terá "Natal com crédito", diz Meirelles Próximo Texto: Frase Índice
|