São Paulo, quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Despesa com carro sobe o dobro da inflação

Cesta de produtos e serviços voltados para quem tem automóvel teve alta de 8% nos últimos 12 meses, segundo a FGV

Custo com seguro, com alta de 14,63%, foi o que mais cresceu; estacionamento, lavagem e lubrificação também aumentaram

PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A redução do IPI deixou os carros mais baratos, mas, em compensação, está mais cara a sua manutenção.
Levantamento da FGV realizado a pedido da Folha mostra que a cesta de itens de manutenção ou serviços voltados para quem tem automóvel subiu nos últimos 12 meses quase o dobro da inflação acumulada.
Esses custos, que incluem seguro, estacionamento, óleo, serviços de reparos, entre outros, tiveram elevação de 8,05% entre dezembro de 2008 e novembro deste ano. Enquanto isso, o IPC-10 -índice de preços ao consumidor medido pela FGV- registrou alta de 4,44% no período.
Para quem tem carro, o que mais pesou no bolso é o seguro facultativo, com alta de 14,63%. Na sequência, vêm lavagem e lubrificação (10%), serviço de reparo e estacionamento e garagem (ambos com 9,42% de aumento). Óleo lubrificante subiu 7,41%.
De acordo com o economista da FGV André Braz, esse quadro está relacionado ao crescimento nas vendas de carros, impulsionado pela redução do IPI. "Se as vendas aumentam, é natural que haja uma demanda maior por serviços correlatos."
Ele ressalta, porém, que as despesas com oficina, mais frequentes para carros com mais tempo de uso, também estão em alta. "Isso se explica pelo crescimento da massa de salários. Mesmo durante o período de crise, quem conseguiu se manter empregado obteve aumentos reais. Então, houve espaço para aumento de preços por conta da demanda", afirmou o economista da FGV.
Em geral, segundo Braz, essa cesta de produtos e serviços voltados para carros apresenta maior estabilidade. "Mas, como vivemos agora promessa de crescimento econômico mais intenso, esse movimento de preços deve se manter acima da inflação média, sim", disse.

Seguros
Para Neival Rodrigues Freitas, diretor da Fenseg (Federação Nacional dos Seguros Gerais), o aumento nos preços do seguro para carros explica-se pelo crescimento no pagamento de indenização no período.
Levantamento da Susep (Superintendência de Seguros Privados) aponta que o sinistro de seguros avançou 11,77% nos nove primeiros meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado.
"Houve um aumento da sinistralidade além do previsto", disse Freitas. Segundo ele, cerca de 65% a 70% do prêmio das seguradoras acaba revertido em indenização. "Esse é o maior custo das seguradoras", acrescenta.

Combustíveis
Os combustíveis foram deixados de fora dessa cesta de itens porque os preços da gasolina e do óleo diesel sofrem intervenção do governo.
Mas o que mais subiu nos últimos 12 meses foi o preço do álcool, com alta de 11,79%, segundo a FGV. Só em novembro, o combustível subiu 9,79%.
Com o aumento, o álcool deixou de ser competitivo na primeira quinzena deste mês em 17 Estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, além do Distrito Federal. O álcool perde a competitividade quando seu preço supera 70% do preço da gasolina.
Nos últimos 12 meses, a gasolina subiu 1,26%, e o óleo diesel registrou recuo de 5,21% no preço, de acordo com a FGV.
Em junho, o governo anunciou a redução nos preços desses combustíveis, mas elevou a Cide (Contribuição sobre Intervenção no Domínio Econômico), imposto que incide sobre esses produtos.


Texto Anterior: Fim de ano: Brasil terá "Natal com crédito", diz Meirelles
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.