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MAL DA VACA LOUCA
Agência do Reino Unido confirma descoberta da doença; 25 países suspenderam compra do produto
Veto à carne dos EUA pode custar US$ 2 bi
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Devem chegar a pelo menos
US$ 2 bilhões anuais os prejuízos
causados pela descoberta do primeira caso da doença da vaca louca nos Estados Unidos.
Esse cálculo é extremamente
conservador e leva em conta apenas o impacto da queda das vendas externas, que representam
cerca de 10% da receita dos produtores de carne.
A descoberta foi reconfirmada
ontem por checagem independente feita pela Agência de Laboratórios Veterinários do Reino
Unido. A agência assegurou que
os testes norte-americanos que
indicaram a existência da doença
foram feitos corretamente.
Em nota, o Departamento de
Agricultura dos EUA limitou-se a
informar que ainda estava ""considerando a confirmação".
Além de checar a correção dos
procedimentos feitos nos EUA, a
agência no Reino Unido também
fez novos testes diretamente com
amostras de tecidos da mesma vaca leiteira que gerou o caso -abatida no último dia 9 no Estado de
Washington, na Costa Oeste.
O resultado dos testes diretos
feitos no Reino Unido deve ser divulgado neste final de semana.
Pelo menos 25 países já haviam
anunciado até ontem a suspensão
das importações de carne bovina
produzida nos EUA.
A China foi um dos países que
anunciaram ontem a suspensão.
Em 2004, os chineses esperavam
aumentar em pelo menos 11% as
importações de carne norte-americana para atender ao aumento
da demanda interna.
Cerca de dois terços das vendas
externas norte-americanas -estimadas em até US$ 3,5 bilhões ao
ano- já estão comprometidos.
O cálculo de US$ 2 bilhões em
prejuízos foi feito pelo economista agrícola Chris Hurt, da Purdue
University (Indiana), e aceito por
produtores nos EUA.
Segundo estimativas de especialistas, a queda nas exportações
poderá acarretar uma redução
entre 12% e 16% nos preços da
carne nos EUA.
Mas a grande incógnita agora é
saber qual será a reação ao problema entre a população norte-americana, que consome cerca de
90% da carne produzida no país.
Dependendo da resposta dos
consumidores a partir de hoje,
quando supermercados reabrem
após o feriado de Natal, as estimativas de prejuízos poderão crescer
rapidamente.
Na média, os consumidores
norte-americanos têm um consumo individual de cerca de 29 quilos de carne por ano.
Anteontem, as ações negociadas na Bolsa de Nova York de
grandes redes de restaurantes e
empresas ligadas ao setor já antecipavam um movimento esperado a partir de hoje.
O valor das ações de algumas
grandes redes de restaurantes especializados em carne chegaram a
cair 7,4%, caso da Rare Hospitality International. Já grandes empresas de carnes não-bovinas, como a Pilgrim"s Pride, produtora
de frango, subiram até 12%.
Em uma tentativa de reverter o
""efeito dominó" entre vários países, a embaixada norte-americana em Tóquio lançou ontem um
apelo ao governo japonês para
que o país reconsidere a sua decisão de suspender a compra de
carne bovina dos EUA.
Individualmente, o Japão é o
maior comprador de carne dos
EUA, com aquisições totais médias de US$ 1,8 bilhão ao ano.
Ontem, reportagem do ""New
York Times" informou que Stanley Prusiner, um neurologista
vencedor do Prêmio Nobel de
1997 por pesquisas relacionadas
ao mal da vaca louca, havia alertado o Departamento de Agricultura dos EUA em maio sobre a iminência do risco da doença no país.
Segundo Prusiner, o departamento deliberadamente fechou
os olhos à ameaça. Para o neurologista, a única razão para que não
houvesse registro de doença da
vaca louca nos Estados Unidos é
que a agência estava testando número muito pequeno de animais.
Ontem, autoridades admitiram
que podem rever o sistema de
monitoramento da doença.
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