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FOLHAINVEST
CÂMBIO
Com diminuição da força das intervenções do Banco Central no mercado, investidores aumentam posições vendidas
Estrangeiro volta a apostar na alta do real
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Bastou o Banco Central diminuir o peso de suas intervenções
no mercado de câmbio, na semana passada, para que as posições
vendidas em dólar dos investidores estrangeiros na BM&F voltassem a subir. Isso significa que as
apostas no movimento de apreciação do real estão ganhando
força novamente.
O BC intensificou suas atuações
lá pelo dia 7 deste mês, quando
passou a oferecer cerca de
US$ 600 milhões em "swap cambial reverso" aos investidores por
dia. Mas, na última terça-feira, o
BC diminuiu o volume de contratos oferecidos para aproximados
US$ 400 milhões diários.
Muita gente no mercado interpretou a decisão como um sinal
de que o BC não tinha munição
suficiente para continuar sua queda-de-braço com o mercado. Na
semana passada, o dólar recuou
0,81%, ao fechar na sexta-feira cotado a R$ 2,318.
Quando a autoridade monetária mostrou que interviria no
mercado mais agressivamente, os
estrangeiros enxugaram suas posições vendidas -é como se tivessem passado a acreditar que
eram menores as chances de o
real seguir em alta.
As posições vendidas líquidas
em dólar dos estrangeiros na
BM&F (Bolsa de Mercadorias &
Futuros) recuaram de US$ 7,82
bilhões no dia 7 para US$ 6,62 bilhões no dia 15 deste mês. Mas,
com o BC passando a intervir menos pesadamente, essas posições
vendidas voltaram a crescer de
forma rápida: no dia 22, já estavam em US$ 7,97 bilhões.
"O estrangeiro continua convicto de que o dólar vai cair. Mas,
quando o BC entrou mais forte no
mercado, o estrangeiro diminuiu
suas apostas e ficou aguardando o
sinal para voltar", avalia Luiz Fernando Lopes, economista-chefe
do Pátria Banco de Negócios.
Quando as posições vendidas
em dólar dos investidores aumentam consistentemente, indicam
que as apostas são que o real vai se
apreciar diante da moeda estrangeira. E isso é o que tem acontecido neste ano, em especial no segundo semestre.
Os contratos de "swap cambial
reverso" que o BC voltou a vender
em meados de novembro têm o
efeito técnico de compras de dólares no mercado futuro. Assim, representam aumento da demanda
por moeda estrangeira -e tendem a derrubar o real.
O que tem se visto no mercado
de câmbio é mais ou menos isto:
de um lado, investidores (principalmente estrangeiros) têm apostado na valorização do real. Do
outro, o BC tem tentado evitar
que o real se aprecie muito. Quando o BC intervém no câmbio de
forma mais agressiva, o dólar sobe um pouco. Mas, se o BC afrouxa seu ritmo, o dólar começa a
cair de novo.
A principal forma de atuação do
BC é o "swap cambial reverso".
Quem compra esse contrato recebe a variação dos juros básicos.
Em troca (daí o nome do contrato
ser "swap"), paga ao BC a variação do câmbio.
O contrato é chamado de "reverso" porque numa operação
tradicional de "swap cambial" o
governo paga a variação do dólar
e recebe a oscilação dos juros.
"Se o BC sair do mercado, o dólar vai derreter rapidamente", diz
Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra. "E, se não
estivesse atuando, o real estaria
muito mais apreciado."
Em busca de lucros
Ao montarem posições vendidas, o que os estrangeiros querem
é lucrar com as elevadíssimas taxas de juros brasileiras. Se descontada a inflação, o Brasil pratica
a maior taxa de juros do mundo.
Quando os investidores montam posições à favor do real, eles
lucram com os juros do país. E,
quanto mais o real se mantiver
apreciado diante do dólar, maiores serão as rentabilidades.
No mercado internacional, essas aplicações são feitas por contratos conhecidos como NDFs.
Segundo as últimas projeções de
operadores do mercado, nunca se
negociou tanto desses contratos.
O volume dessas operações é estimado em mais de US$ 70 bilhões.
Ou seja, a luta do BC contra o
mercado para evitar que o real se
aprecie muito é bastante difícil.
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