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Telebrás receberá R$ 200 mi do governo
Verba para reestruturação foi colocada dentro de Medida Provisória e será usada em programa de inclusão digital
Estatal deve ser responsável por fiscalizar expansão da banda larga a todos os municípios, segundo plano coordenado pela Casa Civil
LORENNA RODRIGUES
DA FOLHA ONLINE,EM BRASÍLIA
O governo federal destinou
R$ 200 milhões para reestruturar a Telebrás. A empresa será a
gestora do programa de inclusão digital que prevê levar internet banda larga a todos os
municípios brasileiros até
2010.
A Folha apurou que, até o final de janeiro, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva vai
lançar uma espécie de PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento) da inclusão digital que prevê a ligação de alta
velocidade à internet de escolas, delegacias e prefeituras e o
uso da rede para educação à
distância.
A verba foi destinada à Telebrás por meio de uma medida
provisória que liberou R$ 5,45
bilhões em crédito extraordinário para vários ministérios. A
MP foi editada no dia 18 de dezembro, mas o texto só foi divulgado pelo governo no dia 19,
após a votação do segundo turno da DRU (Desvinculação de
Receitas da União), o que recebeu críticas da oposição.
A negociação do programa de
inclusão digital foi feita pela
ministra da Casa Civil, Dilma
Rousseff.
Reestatização
Sem querer dar detalhes do
projeto, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse que
a Telebrás irá geri-lo, mas negou que se trate de uma reestatização da telefonia, como dizem os críticos e empresas privadas do setor de telefonia:
"Tem que haver alguma organização do ponto de vista governamental no que diz respeito aos procedimentos finais de
instalação da banda larga. Não
se trata de estatização, não se
trata de reabrir a empresa para
competir com qualquer empresa do ramo, mas apenas um instrumento que o governo criou
para poder acomodar determinadas carências que nós temos
no setor de telecomunicações."
Na semana passada, o governo encerrou as negociações
com as empresas de telefonia
fixa que participarão do programa. As teles terão que levar
redes de banda larga a todas as
cidades em até três anos.
Em troca, o governo acabou
com a obrigação prevista em
contrato de elas construírem
postos de telefonia e acesso à
internet pelo país. Além disso,
as empresas acordaram em conectar à rede 55 mil escolas em
todo o país, número que corresponde a todas as escolas públicas urbanas. Segundo a Casa
Civil, as escolas terão acesso
gratuito à internet por 18 anos,
período restante do contrato de
concessão das teles.
De acordo com técnicos que
acompanharam as negociações, as redes construídas pelas
teles continuarão privadas. A
Telebrás será a responsável só
pela fiscalização e gerência do
serviço. Como o programa prevê também a conexão de delegacias, hospitais, prefeituras e
bibliotecas, a Telebrás, nesses
casos, seria a responsável por
promover licitações e contratar
empresas para construir redes.
Além disso, ainda está em estudo o uso de redes de fibra ótica da Eletronet, empresa controlada pela Eletrobrás e em
processo de falência. Em outra
frente, o governo negocia com
operadoras de celular o uso da
tecnologia de terceira geração
(3G), que permite acesso à internet banda larga pelo celular.
Poderia ser a solução para áreas
como a Amazônia, onde, em alguns locais, o acesso por cabo é
quase impossível.
Apesar de já haver verba para
o que o governo chama de
"equilíbrio econômico e financeiro" da Telebrás, ainda não se
sabe como a reestruturação será feita. Grande parte dos ativos
da empresa foi privatizada em
1998, mas ela ainda existe juridicamente e tem cerca de 300
funcionários. A maioria deles
está a serviço da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), muitos em cargos de gerência dentro da agência. A empresa é ré em diversas ações na
Justiça, principalmente trabalhistas, que, somadas, podem
levar ao pagamento de até R$
400 milhões.
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