São Paulo, sábado, 26 de dezembro de 1998

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MERCADO DE TRABALHO
Previsão é que demissões continuem ocorrendo nas fábricas em 99; produção de veículos deve cair
Montadoras reduzem nível de emprego

da Reportagem Local

As montadoras de veículos enxugaram seus quadros de funcionários em 98 e devem continuar demitindo a partir de janeiro.
Em novembro passado, o nível de emprego nas montadoras foi o mais baixo desde 1973 -menos de 100 mil empregados.
As fábricas fecharam cerca de 10 mil postos de trabalho no ano, em todo o país. No ABC, o movimento não fugiu à regra.
A Ford, por exemplo, anunciou na semana passada que vai demitir 2.800 funcionários da fábrica de São Bernardo em 4 de janeiro.
Além disso, a montadora quer afastar temporariamente 500 funcionários da fábrica de Taubaté, com redução de salário durante o período de afastamento.
A Mercedes-Benz demitiu 500 funcionários contratados por tempo determinado e abriu um programa de demissões voluntárias.
A Volkswagen, que fechou acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para evitar demissões em massa, desligou cerca de 4.000 funcionários em 98 também por meio de um programa de demissões voluntárias.
A empresa vai demitir cerca de 5.000 funcionários nos próximos cinco anos, conforme negociação com o sindicato.
A Scania, fabricante de caminhões, também demitiu cerca de 280 trabalhadores em 98.
Outra montadora, a General Motors, conseguiu a adesão de aproximadamente 2.000 funcionários ao seu programa de demissões voluntárias nas fábricas de São Caetano do Sul e de São José dos Campos.
"Cerca de 10 mil metalúrgicos foram demitidos neste ano e em 99 muitos podem perder o emprego", afirma Luiz Marinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, citando apenas os números de sua base de atuação.
No caso do setor automotivo, as montadoras deverão fechar o ano com produção de 1,6 milhão de unidades, cerca de 20% a menos do que o produzido em 97.
Para 99, as estimativas variam, mas existe projeção de produção de apenas 1,1 milhão de unidades, segundo Marinho. Esse volume é cerca de 45% inferior ao previsto para este ano.
"Essas previsões podem gerar redução da mão-de-obra na mesma proporção", avalia o presidente do sindicato do ABC.
As demissões já anunciadas na Ford, de 2.800 funcionários a partir de janeiro, representam 41% do total de empregados na fábrica da montadora de São Bernardo.
As férias coletivas neste final de ano foram prolongadas e, em algumas empresas, ocorreram em várias oportunidades no ano, especialmente no segundo semestre.
Logo no início de janeiro, o sindicato vai preparar uma série de ações para tentar abrir negociações com a Ford e evitar as demissões. (MAURICIO ESPOSITO)



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